terça-feira, 18 de janeiro de 2022

No vax No vak

A novela sobre a participação do tenista Novak Djokovic no Aberto da Austrália, apesar de constrangedora para a modalidade e para o esporte como um todo, nos coloca diante de um bom tema para se refletir acerca do marketing.
Como já foi escrito aqui em outras vezes, a discussão sobre a obrigatoriedade ou não da vacinação tem se mostrado pouco produtiva, até porque o termo “obrigatoriedade” ganha contextos diferentes em função do “lado” que se defende. 
Alguns interpretam que o tenista não é obrigado a se vacinar, se assim fosse, o fariam a força. Para outros, o fato de se exigir a vacina é uma forma de obrigar. 
Proselitismos à parte, é importante reconhecer a legitimidade daqueles que são contra a vacinação e mantêm sua posição independentemente das sanções, o mesmo não se pode dizer dos que defendem os “resistentes à vacina”, mas não se furtam a se vacinarem na primeira oportunidade. Covardes com causa.
Nessa linha, a postura dos patrocinadores de Djokovic foi irrepreensível, respeitaram sua decisão de não se vacinar ainda que cientes do risco de tê-lo envolvido em polêmicas e fora de alguns torneios importantes.
A história, no entanto, começa a mudar de figura quando se descobre que o tenista “mentiu” em documentos oficiais, de forma a burlar as regulamentações para poder participar do Grand Slam de Melbourne. Pego na mentira, preferiu responsabilizar seu agente, ao invés de assumir o erro, ignorando que cabe ao líder tomar à frente de eventuais equívocos dos membros de sua equipe, mesmo que internamente opte por tomar providências severas.
Para culminar a sequencia de atos deploráveis, veio à tona que, logo após testar positivo, o jogador sérvio não se isolou e até participou de um evento, no qual havia a presença de crianças.
Diante de tantos feitos que denotam um enorme afastamento dos nobres princípios que regem o esporte, o “silêncio” dos patrocinadores causa espanto, pois, leva à suposição de que em prol de se ter como um de seus assets o atual número 1 do ranking mundial, as condutas deste pouco importam, ignorando o risco de contaminação às suas marcas.
Não se preconiza aqui patrocinar apenas atletas “bonzinhos”, não mesmo, os chamados “bad boys” também agregam valor à marca, tanto pela atenção que despertam, como por fugirem do estigma do “certinho”, expondo assim um lado mais “real". Além do que, a maioria dos atos dos "bad boys" não costuma ser premeditada, ao contrário do que aconteceu com o Djoko.
Embora descartar os aspectos ligados a propósitos e a um mundo melhor jamais devessem ser tolerados pelas marcas, podemos até entender que Lacoste (uniformes), Asics (calçados) e Head (raquete) se calem por valorizarem mais o desempenho técnico como principal orientação para seus investimentos em patrocínio, afinal conseguem dessa forma associar seus produtos à performance. Todavia, os demais patrocinadores deveriam, no mínimo, se manifestarem contra práticas que, provavelmente, estão em desacordo com seus respectivos códigos de condutas.
Qualquer coisa diferente disso é atestar que os valores éticos são fundamentais...apenas para discursos.




2 comentários:

  1. O fato é que estão fechando o cerco dificultando a participação nos eventos esportivos.Autoridade sanitária da França já comunicou que sem vacina não joga Roland Garros.Até quando os patrocinadores vão nessa viagem? Abs

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    1. Obrigado pelo comentário.
      De fato os patrocinadores precisam se posicionar. Não sei precisar quanto tempo conseguirão esticar a corda, até porque as competições acontecem de maneira frequente.
      Abs

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