terça-feira, 12 de julho de 2022

Fred Etern9


Despedidas são complicadas, emocionam, servem como um aviso formal de que um ciclo se encerrou e que não mais acontecerá. Escrever a respeito é mais difícil ainda, principalmente quando o personagem é o maior ídolo que vi no Fluminense.
Não há nessa escolha do melhor, que fique bem claro, nenhum menosprezo aos demais, até porque é uma mera opinião, baseada em valores identificados nas atitudes do craque. Em suma, um clube centenário como o Flu teve centenas de ídolos, todos enormes, mas nesse momento, para mim, o Don é o maior.
Passemos então às razões da escolha, ressaltando que outras, talvez, tenham sido esquecidas e/ou estejam apenas no subconsciente impossíveis de serem transcritas: 
- Nunca jogou por um rival regional do Fluminense, o que é extremamente valorizado, principalmente pelo fato de o futebol ser um ambiente onde o amor à camisa costuma perder para a necessidade de se fazer dinheiro numa carreira curta.
- Gratidão à instituição, sempre demonstrada ao reconhecer o apoio dado pelo clube após uma Copa do Mundo em que não jogou tão bem e foi tido como um dos vilões do fracasso. 
- Sua capacidade de recuperação, pois mesmo depois das injustiças sofridas conseguiu dar a volta por cima e nesse mesmo ano ser o artilheiro do campeonato brasileiro. Erguer-se depois da queda é tarefa que poucos conseguem.
- Ao sair do Fluminense em 2016, nunca escondeu que a transferência se dava contra a sua vontade. Aqui cabe um testemunho: uma vez o encontrei no aeroporto de Congonhas e começamos a conversar sobre sua saída, eu dizendo o quanto foi ruim e ele narrando o quanto sentia falta da “casa dele” com os olhos marejados.
- Sua generosidade com os mais necessitados e sem fazer publicidade dos inúmeros casos em que ajuda os que precisam.
- Sua opção por estar do lado do certo, independentemente se isso o deixaria contra os que têm o poder ou o dinheiro. Os exemplos aqui não serão narrados, pois haveria que citar nomes ou cargos, o que mancharia um artigo que tem como tônica o ídolo.
- As demonstrações de admiração dos seus colegas e torcida na sua despedida, denotando o quanto é querido e respeitado.
- Inúmeras expulsões e atitudes destemperadas em campo que, vistas pelo lado profissional, podem parecer ruins, mas que são facilmente entendíveis quando fazemos uma reflexão e nos questionamos acerca do que somos capazes de fazer para defender quem amamos.
Alto lá, essa última razão não vai contra o conceito de ídolo que sempre se preconizou?
De fato, no passado, a “descrição de cargo” de um ídolo tinha a “infalibilidade” como requisito, afinal de contas, o ídolo deve ser um exemplo. Todavia, a expectativa por não haver falhas leva à frustração quando essa acontece e arranha a imagem do ídolo, sendo mais razoável e contemporâneo entender que ídolos são seres humanos e não super-heróis, os quais não existem na vida real. 
Por fim, para que não se perca o objetivo de trazer conteúdo sobre marketing e gestão, podemos usar muitas das razões enumeradas acima como benchmarking de carreira, principalmente as manifestações positivas dos colegas e reconhecimento das pessoas ao fim dos ciclos. 








15 comentários:

  1. Perfeito. Um texto raro onde a emoção transborda sem sequer turvar a razão. Parabéns ao Fred e a você pela felicidade do artigo

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  2. Armando Pedreira de Freitas12 de julho de 2022 às 09:41

    Excepcional artigo, passa a msg para todos os tricolores que veneram seu grande ídolo!

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    1. Obrigado, Grande Tricolor!
      Companheiro de incontáveis idas ao Maraca.
      ST

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  3. Grande Idel. Muito bom o texto.Abraco !

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  4. Bela homenagem ao seu ídolo.
    Parabéns.

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  5. Muito bom, disse muito em poucas palavras 🥇🏆

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  6. Artigo muito bem escrito. Disse muito em poucas palavras.

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