terça-feira, 18 de outubro de 2022

Onde colocar os produtos?

O expressivo aumento no preço dos alimentos tem levado as indústrias a desenvolverem produtos que impactem menos o bolso do consumidor. Tais alternativas vão desde a redução das embalagens até a formulações onde se misturam insumos alternativos. Aqui servem como exemplo a manteiga à base de margarina, o leite com soro de leite e a mozzarella processada com amido, entre outros.
Pelo fato de algumas das embalagens desses novos produtos serem similares às dos originais, os órgãos de defesa do consumidor têm se manifestado tanto junto à indústria como ao varejo.
Em relação às indústrias, seria realmente importante haver diferenciações mais expressivas, de forma que o consumidor não se confundisse na hora da compra. Todavia, há que se entender que o design das embalagens deve guardar uma relação que propicie sinergia entre os produtos da empresa, de forma a auferir ganhos no fortalecimento da marca, ou seja, as mudanças não podem vir a descaracterizar a linha mestra que concede unidade a todos os produtos da marca.
Já no caso do varejo, a intervenção dos órgãos não parece muito coerente, pois o lay-out dos supermercados é elaborado pensando justamente no benefício do consumidor. A busca por colocar produtos correlatos próximos uns dos outros é um enorme desafio em um ambiente onde o espaço é finito, novos produtos são lançados a todo o momento e as categorias se confundem.
Para ilustrar essa “confusão” entre categorias, convidamos o leitor a responder algumas questões: um leite à base de castanhas deve estar no mesmo espaço de laticínios ou no de produtos veganos?  As torradas devem ficar no setor de panificação ou no de biscoitos, quem sabe no de snacks? Não há certo ou errado, dependerá de testes, da área disponível ou da simples vontade dos responsáveis pela decisão.
Esse tipo de decisão, por mais que possa parecer sem importância aos olhos de quem não atua nos segmentos de varejo e de bens de consumo, e é de fundamental valia para a operação.
No lado do varejo, a lucratividade por metro quadrado é um excelente balizador do espaço a ser dedicado às categorias, além do que, ter produtos complementares próximos – tipo molho de tomate e massa – impulsiona sobremaneira as vendas.
Pelo lado da indústria, a localização dos produtos não é menos importante, o que faz com que se pague pelos espaços mais atrativos nas gôndolas ou mesmo por áreas nobres e atrativas do estabelecimento varejista.
A busca por culpados no caso desses novos produtos mais em conta não é saudável e só serve para se jogar uma cortina de fumaça na origem dos problemas: o reflexo de um mundo em guerra que,  após um período de pandemia, faz com que a demanda por commodities aumente substancialmente em termos globais. Nesse cenário, os produtores brasileiros acabam aumentando seus preços internos para terem os mesmos resultados que teriam exportando, culminando em maiores custos para a indústria.
A solução encontrada nada mais é do que uma tentativa de suprir a população sem impactar ainda mais suas finanças.











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