terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Ensaio sobre a isenção

Ainda que as eleições tenham terminado, há muito ainda para se extrair delas no que tange ao entendimento do comportamento das pessoas, tarefa que é fundamental para qualquer boa gestão de marketing.
Nesse artigo falaremos dos chamados “isentões”, eleitores que optaram por votar em branco ou anularam e, diante dessa posição, receberam críticas dos dois lados.
Trazendo para o universo de bens de consumo, imaginem o cliente que chega no supermercado e não encontra a categoria de produto que ele pretende comprar. Exemplificaremos aqui com a carne de frango. O que ele deve fazer? Comprar carne bovina, mesmo sem gostar, comprar camarão, mesmo sendo alérgico, comprar peixe, mesmo sendo mais caro ou comprar carne suína, mesmo não podendo comê-la por causa da religião? Evidentemente que a situação é hipotética e exagerada, mas ilustra eventuais anseios não correspondidos.
Podemos realizar o mesmo exercício com marcas. Nesse cenário o consumidor vai ao estabelecimento varejista para, por exemplo, comprar Coca-Cola Zero em lata. Chegando lá só encontra a versão normal e a Pepsi Zero na embalagem pretendida ou até o próprio produto desejado, porém em embalagem de 2 litros.
E então? Qual a solução? Substituir o produto desejado ou deixar de comprar?
Há a hipótese de mudar de supermercado, é claro!
Evidentemente não há resposta correta! 
O mesmo ocorre nas eleições, se as opções disponíveis vão contra os princípios do eleitor, cabe a ele duas opções: decidir pelo que considera o menos pior ou por nenhuma das opções.
A forma pejorativa com que foi derivada a palavra “isento”, fez com que essa se tornasse uma espécie de “xingamento” utilizado pelos fanáticos que ficaram contrariados por não terem logrado êxito em suas tentativas de convencimento.
Aliás, curiosamente, os chamados “isentões” foram os que menos criticaram os votos alheios, fato proporcionado, provavelmente, pelos valores de respeito ao contraditório, independentemente de qual seja e/ou de quem a profere.
Achar que o consumidor se contenta com qualquer produto - ou qualquer candidato - é um erro crasso, pois, aumenta o risco de proporcionar espaço para que os concorrentes, mais atentos às necessidades dos potenciais clientes, desenvolvam soluções e as deixem disponíveis no mercado.
A verdade é que o marketing mudou.
Na fase que Kotler chamou de Marketing 1.0, as empresas focavam apenas a produção e seus respectivos portfólios. A concorrência era baixa, bastava comunicar e distribuir para vender. 
Depois veio a fase do Marketing 2.0, onde as empresas passaram a se preocupar em identificar as necessidades do consumidor. Todavia, ainda que já estejamos no estágio 5.0, muitas marcas e políticos ainda não se tocaram da evolução mais elementar - do 1.0 para o 2.0 -, e continuam achando que basta comunicar para merecerem a confiança dos consumidores/eleitores. 
Isso talvez explique o sucesso das marcas que acreditam no marketing...e também do número de pessoas que votam no menos pior ou em nenhum deles.








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