terça-feira, 17 de setembro de 2024

Planejar pra quê?

Já perdi a conta da quantidade de vezes que tentei elucidar o que vem a ser marketing tamanha a distorção sobre o assunto. São conversas com amigos, elaboração de artigos e até entrevistas com executivos e headhunters que, em tese, deveriam saber. Há horas em que me vejo como Dom Quixote num confronto contra os moinhos de ventos e, pior, sem a companhia do Sancho Pança para me dissuadir da empreitada, que pode até ser em vão. Vai saber.
Mas tenho uma notícia boa, ou talvez, ruim. O marketing não está sozinho! Juntou-se a ele o tal do “planejamento”, cuja utilização está mais para retórica do que para prática. E nem falo do pomposo “planejamento estratégico”, esse, ainda que fundamental, tem um entendimento mais difícil, pois envolve a direção estratégica e a definição da alocação de recursos para tal, algo mais na linha do longo prazo.
Refiro-me ao estabelecimento de metas, previsão de eventos futuros municiados do acompanhamento de indicadores e elaboração de planos de contingência para a correção rápida dos desvios.
Algo básico, ou que deveria ser. Pena que a realidade não seja tão risonha e bela...
Pois é, a realidade é que grande parte das pessoas atrelam o planejamento a algo lento e que atrasará as tomadas de decisões, quando é justamente o contrário.
Se uma empresa tiver cenários bem delineados, muito dificilmente será pega de surpresa a ponto de ter que tomar decisões de forma abrupta e sem o devido embasamento acerca das implicações para as opções de reação.
Só que, em nome de uma “suposta agilidade intuitiva”, os detratores do planejamento preferem não “perder” tempo com isso.
Para tentar ilustrar os dois extremos, vamos imaginar a situação em que se tem um compromisso agendado. Há a opção de sair no horário convencional e seguir o costumeiro caminho, ou perder um tempinho consultando um desses aplicativos, tipo Waze. Na primeira opção, caso haja um imprevisto no percurso habitual, o sujeito que não gosta/sabe planejar ficará parado ou tentará alguma alternativa baseada no feeling. Já os afeitos a planejar, consultarão o aplicativo com o celular devidamente carregado, claro. É verdade que há uma pequena perda de tempo na consulta ao Waze, mas nada impactante.
No caso de empresas, não de forma tão simplória, o processo é similar. 
O que se faz quando as vendas ficam abaixo do orçado? Quando há um problema de produção, seja no maquinário ou na falta de insumos? Quando um colaborador sai de férias, pede demissão ou precisa ser desligado? 
Espera para decidir na hora que acontecer? Evidente que não!
Querer previsibilidade numa operação é utópico, há uma série de fatores exógenos interferindo em qualquer processo corporativo, mas isso não é prerrogativa para se rejeitar o planejamento. 





2 comentários:

  1. Bem legal a matéria Halfen! embora curioso, não enxergo, como previu você, que pessoas e empresas carreguem um plano B na manga.
    Nunca vejo situação onde haja uma preocupação em definir um plano B antes do problema ter surgido. Como disse, sou curioso mas é o que observo

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    1. Muito obrigado! Como escrevi, é utópico querer previsibilidade em tudo e em todas as situações.
      Mas penso ser possível ter cenários traçados, nos quais, eventuais acontecimentos já estejam superficialmente contemplados.
      A mensagem principal do texto é que se deve ao máximo mitigar o efeito surpresa.

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