Como tentativa de ordenamento das praias do Rio de Janeiro, o prefeito da cidade anunciou recentemente algumas medidas que geraram e geram bons debates.
Uma delas, a que estabelece que as “barracas” passem a ser identificadas por números e não mais por nomes como vinha sendo até então. Pelo fato de a discussão envolver conceitos de marketing, mais precisamente de naming, vamos focar esse ponto do decreto para desenvolvermos o presente artigo.
Diante da medida, os barraqueiros/comerciantes, argumentam que seus estabelecimentos são conhecidos pelos nomes das barracas e não pelos números. Fato! Contudo, isso não significa que não possam vir a ser.
A título de exercício, vamos trazer para a discussão as cidades que, seguindo um planejamento urbano, adotam sistemas de numeração para a designação de ruas e avenidas, de forma a facilitar a localização de endereços.
Nova York numera as ruas no sentido leste-oeste e as avenidas em norte-sul desde 1811. Pittsburgh começou a adotar os números em 1868, a atual Sixth Street, por exemplo, era denominada de St. Clair Street.
Vale citar o caso de Georgetown, originalmente uma cidade independente que, ao ser incorporada a Washington D.C., em 1895, teve as ruas “numeradas” para se alinhar ao padrão do Distrito de Columbia.
Nessa relação, podemos incluir ainda Chicago, entre muitas outras, que estabelece a State Street e a Madison Street como eixos principais para, a partir deles, numerar as ruas.
Embora o movimento de “numerar” pareça ser uma tendência, é preciso registrar que algumas localidades fizeram o movimento inverso, tal como St. Louis que, registre-se, ainda abriga algumas ruas com números.
Se formos derivar o debate pelo prisma de identidade de marcas, teremos pontos positivos e negativos em ambas as situações, dependendo dos objetivos de branding, do posicionamento a ser adotado e, evidentemente, do público-alvo.
Nomes únicos e criativos facilitam a lembrança e a diferenciação da concorrência, além de propiciar conexões emocionais. Na mão contrária, podem demandar investimentos adicionais em marketing, principalmente quando se tratar de nomes abstratos. Não podemos descartar os aspectos jurídicos, vide a necessidade de se encontrar nomes disponíveis para registro.
Em relação a números, a simplicidade e o impacto visual deles auxiliam o fortalecimento da marca, assim como o caráter de “universalidade”, isto é, são reconhecidos em diferentes idiomas. Os pontos negativos abrangem a dificuldade de se passar os valores da marca e na eventual percepção de falta de criatividade. Problemas relacionados às buscas online e memorização entram no rol dos desafios.
Mas, então, qual opção é melhor? Difícil responder, até porque cada caso é um caso, ou seja, não se pode generalizar. No que tange a marcas, a frase anterior traduz perfeitamente a minha posição.
Já em relação às ruas e às barracas que suscitaram a inspiração para o artigo, tendo a ter uma leve preferência pelos números, pois, "democratizam" a localização, independentemente de se conhecer ou não as regiões visitadas.