As análises sobre o comportamento da Geração Z (nascidos entre 1997 e 2010) têm trazido números curiosos sob os mais diversos prismas, os quais, certamente, inspirariam artigos bem interessantes, porém, dessa vez, vamos focar a participação deles no mercado de trabalho, cuja entrada se deu justamente no período da pandemia.
Uma pesquisa da Resume Genius, plataforma de criação de currículos, divulgou que 60% dos empregadores já tinham demitido colaboradores dessa geração.
A explicação para tão expressivo percentual pode estar relacionada a três causas:
i - Desmotivação - a qual se deve ao fato de os zoomers terem presenciado quadros de demissão e cortes salariais de seus pais e pessoas próximas mais velhas no período da pandemia. Muito provavelmente a percepção de “instabilidade” os deixaram pouco “entusiasmados” com a carreira corporativa.
Essa explicação ganha mais força ao vermos as gerações anteriores se encantarem com o mundo corporativo graças ao que testemunhou através de seus pais.
ii - Comunicação - aqui as redes sociais têm estreita contribuição com essa linguagem diferente do, por ora, convencional.
Siglas para dar agilidade às conversas, gírias incorporadas ao vocabulário, principalmente o escrito, dificultam os diálogos e causam mal entendidos, que dão margem a avaliações errôneas acerca do interesse desses colaboradores.
Além do que, no período em que a geração Z entrou no mercado, as reuniões presenciais não existiam em função da pandemia, porém, o convívio diário voltou, ainda que muitas vezes em proporções menores.
iii - Bem-estar pessoal - o que significa valorizar a vida, além do trabalho. Esse anseio é extremamente legítimo, que se registre, o problema é que ele se perde ao não possuir uma gradação que estabeleça a relação de equilíbrio adequada.
É bem provável que as gerações anteriores tenham falhado nesse balanceamento em prol do trabalho. Por outro lado, a geração Z parece dar mostras do contrário.
Talvez o advento do home office tenha acostumado mal, principalmente aqueles sem uma experiência prévia e duradoura no presencial. Casos de pedidos de demissão por terem que comparecer no escritório, ou mesmo de recusar um emprego em função dessa exigência não são raros, daí a tentação de considerar esse comportamento como fruto de uma personalidade preguiçosa, o que pode não ser justo. Afinal, por mais que eu particularmente goste e veja muitas vantagens no trabalho presencial, seria leviano não reconhecer que o home office pode ser mais produtivo em alguns aspectos.
Cabe também aos “antigos”, um olhar mais condescendente em relação à nova geração e refletir sobre os paradigmas já cristalizados, já a geração Z precisa entender que estão entrando em um sistema maduro e que para as mudanças acontecerem é necessário inicialmente se adequar ao padrão estabelecido, para, então, se conquistar a confiança e voz para que as sugestões de mudança sejam bem-vindas.
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