terça-feira, 26 de agosto de 2025

Maturidade do LinkedIn?

No segmento de bens de consumo é bastante comum e perceptível o conceito conhecido no marketing como “ciclo de vida do produto”, o qual descreve as fases que um bem percorre durante a sua existência: introdução, crescimento, maturidade e declínio.
Para exemplificar o processo, podemos citar o caso do Bombril, palha de aço usada para a limpeza, cujo crescimento se deu fortemente nas décadas de 80 e 90. No período de maturidade, tornou-se sinônimo de categoria e as vendas tornaram-se estáveis, até que a fase de declínio chegou em função da proliferação de utensílios antiaderentes e de produtos de limpeza multiuso, que impactaram a sua demanda.
Havia algo a fazer para evitar tal desenlace? Talvez! 
A existência do tal “ciclo” não significa que o fim certamente chegará, vide as recuperações de produtos como Danoninho, Omo Líquido e o emblemático case das Havaianas, entre outros, que conseguiram reverter o declínio.
As redes sociais também expressam bem o citado processo. Grande parte delas surge focada em nichos, vai crescendo organicamente atingindo outros públicos, passa a atrair geradores de conteúdo e anunciantes até se tornar uma plataforma de dimensão universal. A maturidade acontece com a estabilização da base de inscritos, da monetização intensa e da adoção de algoritmos que priorizam a geração de receitas.
Essa mudança de algoritmos, associada à saturação de anúncios e ao surgimento de novas redes concorrentes fatalmente contribuem para o início do declínio.
A título de ilustração, lembremos que o Orkut foi substituído pelo Facebook que, voltado ao público das universidades em seu início, cresceu globalmente entre 2006 e 2012, porém, a partir de 2019, sofreu com o envelhecimento da base e da preeminência em publicidade. 
O Instagram, cuja origem data de 2010 e foco inicial em fotógrafos, cresceu bastante graças ao advento de filtros, stories, reels e e-commerce, mas tem sofrido com a saturação que redunda na queda do engajamento orgânico e na concorrência do TikTok.
Nessa relação, poderíamos incluir o Twitter/X e até mesmo o Snapchat, mas para não nos estendermos, vamos passar para o LinkedIn.
Criado no início dos anos 2000, a plataforma arregimentou um milhão de membros no seu primeiro ano. A expectativa de crescimento veio se concretizando até que em 2011, ao alcançar 100 milhões de inscritos, abriu seu capital. Em 2016, a Microsoft o adquiriu por US$ 26,2 bilhões, o que contribuiu para um crescimento ainda maior: 500 milhões em 2017 e 1 bilhão em 2024. 
Mas em que fase do ciclo o LinkedIn se encontra?
Bem, não é difícil constatar que nesse período a plataforma já teve várias "utilidades": “buscador de emprego”, rede de conteúdos, fonte de recrutamento, marketing B2B...
Será que a maturidade chegou?
Em relação ao público, diria que não, vide o seu crescimento entre os zoomers, que buscam na plataforma a construção de sua primeira rede de contatos profissionais e a oportunidade de tomar ciência sobre o mercado de trabalho. Por outro lado, o ambiente mudou muito em relação aos primórdios, e para pior.
A autopromoção excessiva de grande parte dos usuários e os conteúdos superficiais, muitos deles até gerados por inteligência artificial saturaram a rede com posts irrelevantes, que só contribuem para a queda do alcance orgânico e para desvirtuar o conceito original em prol do “eu me amo”.
Vaticinar que a plataforma já entrou na fase de declínio seria exagerado, até porque ainda não surgiram concorrentes fortes que favorecessem o êxodo, mas, certamente, a maturidade chegou e o mais curioso: tendo como causa a imaturidade de certos usuários que, em busca da auto exaltação, deformaram o conceito da rede através de suas excessivas fotos em eventos, das frequentes mensagens comunicando estarem honrados com algo, dos inúmeros agradecimentos piegas, das incontáveis polêmicas de cunho político e dos demais conteúdos sem conteúdo.
Será que há como reverter?





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