terça-feira, 19 de agosto de 2025

Meu antecessor é...

Por mais que os processos de recrutamento e seleção sejam aprimorados, a perfeição sempre estará longe, visto a quantidade de variáveis envolvidas nesse tipo de avaliação.
Nem me refiro aqui aos hard skills, as habilidades técnicas, pois essas podem ser adquiridas com estudos, treinamentos e experiência. Meu ponto de preocupação está relacionado aos soft skills, à parte comportamental.
Uma situação bastante interessante e corriqueira acontece quando há a substituição de líderes e os que assumem adotam como discurso a crítica aos antecessores.
Insegurança, mesquinharia, burrice ou simplesmente falta de caráter estão entre as causas dessa postura, não descartando aqui o mix delas.
Óbvio que existe a possibilidade de a gestão anterior ter falhas, aliás, é certo que elas existem, assim como as próximas também terão. Além do que, gestão não é uma ciência exata e, como tal, permite visões diferentes, fazendo com que o conceito do que é certo ou errado seja relativo.
O que não se admite discussão é quanto à postura de criticar publicamente os antecessores, por mais que esses tenham performado mal. Por sinal, performance pode ser outro conceito relativo, visto sofrer a influência da conjuntura do momento, da situação herdada e das metas objetivadas.
Reforço aqui que me refiro às críticas públicas de cunho pejorativo, já as que são feitas internamente tanto para si próprio quanto para as pessoas que compõem o círculo de confiança são bem-vindas, pois ajudam a reforçar as convicções e as linhas de atuação.
Abro aqui, mesmo contrariado, uma exceção à política, já que as críticas aos adversários se tornaram plataformas de campanha e armas de defesa.
Meu foco no artigo são os gestores de empresas e de organizações envolvidos num ecossistema, onde stakeholders como fornecedores e clientes estão a todo momento avaliando seus parceiros, principalmente com o advento das redes sociais, onde a exposição chega a níveis alarmantes.
Como justificativas para essas infelizes declarações, as de que o cargo subiu à cabeça e que é difícil resistir à tentação dos holofotes são umas das mais exaltadas. Elas, talvez, até possam fazer algum sentido a título de explicação, mas não justificam, afinal, se tais situações são capazes de influenciar a postura de um líder, esse, definitivamente, não é um líder.
Será que em sã consciência tais sujeitos acreditam que, agindo dessa forma, conseguirão a admiração da equipe ou mesmo acordos comerciais nos quais os parceiros focarão negociações justas e de longo prazo? O pior é que acreditam que sim, tamanha a miopia e o despreparo, só lamento informar – ou não – que estão redondamente enganados.
Para finalizar, fica a reflexão: como alguém pode escolher figuras dessa estirpe para liderar algo?






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