Alguém já ouviu falar dos Enhanced Games? Provavelmente poucos, mas em breve o evento se tornará mais popular e com direito a extensos debates calorosos.
Numa tradução livre, “enhanced” se refere a algo “aprimorado”, expressão que no meu modo de ver, seria descabida para o evento, uma competição, na qual se permite o uso de quaisquer substâncias que venham a melhorar a performance dos participantes, ou seja, além de eventuais equipamentos proibidos nas demais competições, o doping estará liberado.
Os defensores da iniciativa alegam se tratar de uma forma de valorizar a ciência e a tecnologia, afinal, trabalham, segundo eles, a melhoria humana. Alguns chegam a fazer uma analogia à Fórmula 1, alegando que os avanços automobilísticos têm parte de sua origem nessa competição.
Aqui, já poderíamos rechaçar o argumento ressaltando que estamos lidando com vidas humanas e não com máquinas, o que poderia receber como tréplica o discurso de que o esporte de alto rendimento também traz problemas.
Adiciona-se aos argumentos pró-dopagem, a tão propagada liberdade individual que, nesse caso, proporcionaria o direito à decisão sobre os recursos a serem utilizados nas competições. Ignoram que o caráter individual jamais pode se sobrepor ao da coletividade, a qual, por sua vez, é ditada por determinações regulatória.
Veladamente, também dão a entender que a possibilidade de falha nos controles antidopagem deixaria mais justa a “liberação” das substâncias e demais subterfúgios tecnológicos. Seria algo, guardando as devidas proporções, como liberar assaltos e assassinatos, já que a polícia não consegue pegar todos os criminosos.
E, tão grave quanto, não consideram que o acesso a tecnologias será sempre desigual.
Por mais que eu me esforce para tentar entender alguns argumentos dos defensores dessa iniciativa, não há como não se posicionar contra, visto que ela contraria os princípios éticos que fazem parte da essência do esporte.
Pelo ponto de vista do marketing, também encontramos posições antagônicas. Enquanto uns defenderão que se trata de uma excelente oportunidade para as marcas que desejam se associar à inovação e tecnologia, outros sustentarão, e com razão, que as marcas devem focar no ser humano para serem admiradas - vide Kotler em seu livro Marketing 3.0.
Embora a "boa performance" seja, de fato, um atributo de alto cunho aspiracional, a forma como ela é atingida pode trazer severos danos à imagem das marcas que venham a tolerar e/ou mesmo pactuar com práticas cristalizadas como maléficas no meio esportivo. Ilustra essa condição, os contratos de patrocínio, nos quais tais atitudes são passíveis de rescisões automáticas.
Ainda sob a ótica de marketing, vale destacar o aspecto da segmentação, salutar para processos de extensão de linhas e de marcas de produtos, pois passa a atender públicos com necessidades específicas e que poderia servir para justificar tais competições como alternativa ao convencional, afinal, no próprio esporte encontramos esse processo no que tange a gêneros e até em faixas etárias nas competições de cunho participativo.
Todavia, há que se tomar cuidado para que uma grande quantidade de opções não venha causar incômodos ao potencial consumidor, dito isso, concluo que até sob o prisma de marketing, os Enhanced Games nada têm a agregar ao esporte, já repleto de conteúdo e, infelizmente, de pessoas que não o entendem em sua plenitude.
Numa tradução livre, “enhanced” se refere a algo “aprimorado”, expressão que no meu modo de ver, seria descabida para o evento, uma competição, na qual se permite o uso de quaisquer substâncias que venham a melhorar a performance dos participantes, ou seja, além de eventuais equipamentos proibidos nas demais competições, o doping estará liberado.
Os defensores da iniciativa alegam se tratar de uma forma de valorizar a ciência e a tecnologia, afinal, trabalham, segundo eles, a melhoria humana. Alguns chegam a fazer uma analogia à Fórmula 1, alegando que os avanços automobilísticos têm parte de sua origem nessa competição.
Aqui, já poderíamos rechaçar o argumento ressaltando que estamos lidando com vidas humanas e não com máquinas, o que poderia receber como tréplica o discurso de que o esporte de alto rendimento também traz problemas.
Adiciona-se aos argumentos pró-dopagem, a tão propagada liberdade individual que, nesse caso, proporcionaria o direito à decisão sobre os recursos a serem utilizados nas competições. Ignoram que o caráter individual jamais pode se sobrepor ao da coletividade, a qual, por sua vez, é ditada por determinações regulatória.
Veladamente, também dão a entender que a possibilidade de falha nos controles antidopagem deixaria mais justa a “liberação” das substâncias e demais subterfúgios tecnológicos. Seria algo, guardando as devidas proporções, como liberar assaltos e assassinatos, já que a polícia não consegue pegar todos os criminosos.
E, tão grave quanto, não consideram que o acesso a tecnologias será sempre desigual.
Por mais que eu me esforce para tentar entender alguns argumentos dos defensores dessa iniciativa, não há como não se posicionar contra, visto que ela contraria os princípios éticos que fazem parte da essência do esporte.
Pelo ponto de vista do marketing, também encontramos posições antagônicas. Enquanto uns defenderão que se trata de uma excelente oportunidade para as marcas que desejam se associar à inovação e tecnologia, outros sustentarão, e com razão, que as marcas devem focar no ser humano para serem admiradas - vide Kotler em seu livro Marketing 3.0.
Embora a "boa performance" seja, de fato, um atributo de alto cunho aspiracional, a forma como ela é atingida pode trazer severos danos à imagem das marcas que venham a tolerar e/ou mesmo pactuar com práticas cristalizadas como maléficas no meio esportivo. Ilustra essa condição, os contratos de patrocínio, nos quais tais atitudes são passíveis de rescisões automáticas.
Ainda sob a ótica de marketing, vale destacar o aspecto da segmentação, salutar para processos de extensão de linhas e de marcas de produtos, pois passa a atender públicos com necessidades específicas e que poderia servir para justificar tais competições como alternativa ao convencional, afinal, no próprio esporte encontramos esse processo no que tange a gêneros e até em faixas etárias nas competições de cunho participativo.
Todavia, há que se tomar cuidado para que uma grande quantidade de opções não venha causar incômodos ao potencial consumidor, dito isso, concluo que até sob o prisma de marketing, os Enhanced Games nada têm a agregar ao esporte, já repleto de conteúdo e, infelizmente, de pessoas que não o entendem em sua plenitude.