terça-feira, 31 de agosto de 2010

Premier League - Benchmarking

A recente deliberação da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) de fechar o Maracanã em pleno campeonato brasileiro, numa clara demonstração de parcialidade, ajuda a entender o atraso do nosso futebol em relação ao europeu no que tange à gestão e aos resultados financeiros.

Um bom benchmarking para referendar essa afirmação é a Premier League, como é conhecido o campeonato inglês, o mais assistido do mundo.
Apesar desse reconhecido sucesso, a Premier League teve sua 1ª edição apenas em 1992, até então o futebol inglês convivia com os atos de vandalismo de seus torcedores, como o que ocorreu na final da Champions League entre Liverpool e Juventus, no qual 39 torcedores morreram e resultou numa punição que proibiu todos os clubes ingleses de disputarem competições européias durante cinco anos. Além disso, os estádios apresentavam péssimas condições de segurança.
Diante desse quadro, o campeonato ficou carente de bons jogadores e receitas, até que os clubes da 1ª divisão se desligaram da Liga Inglesa para criarem a Premier League, constituída como sociedade anônima.

Uma das primeiras iniciativas da entidade foi negociar os direitos de transmissão dos jogos com a Sky, o que rendeu 191 milhões de libras por um contrato de 5 anos.
Atualmente o valor negociado para o período de 2007-2010 é de 1,7 bilhões de libras, o que denota o grande sucesso da Premier League.

Além das receitas referentes às transmissões, o patrocínio que dá nome ao campeonato também rende cifras consideráveis.
Em 1993, a Carling pagou 12 milhões de libras para que a competição se chamasse Carling FA Premiership durante quatro temporadas. Esse contrato foi renovado por mais quatro temporadas, sendo o valor reajustado para 48 milhões de libras.
O mesmo valor foi pago pela Barclaycard em 2001, porém para um período menor, três temporadas. A Barclays assumiu em 2004 por mais três anos, e em 2007 renovou até 2010 por 65,8 milhões de libras.

Tamanho aumento de receita, proporcionou aos clubes condições de contratar jogadores do exterior. Em 1992, apenas 11 jogadores estrangeiros disputaram o campeonato inglês, hoje cerca de 250 atuam no país.

Outra fonte de receita vem das ações de marketing dos próprios clubes. Como exemplos, vale citar algumas que chamaram a atenção do público na recente temporada.

Chelsea – Criou uma seção, onde aparecem celebridades demonstrando suas relações com o clube. http://theshed.chelseafc.com/theshed/celebs.shtml

Everton – Elaborou uma promoção junto com a Mastercard, na qual o torcedor e mais um amigo escolhido por ele têm a chance de aparecerem na foto oficial do time. Para participar do sorteio, o torcedor precisará ter consumido mais de 150 libras no cartão Everton Mastercard. http://www.evertonfc.com/club/efc-mastercard.html

Manchester City – Incluiu no site oficial, uma lista dos 60 melhores sites de torcedores do clube. http://www.mcfc.co.uk/Fans/Fan-sites

As iniciativas são muitas, porém a proposta desse artigo é mostrar as diversas oportunidades de negócios que o esporte, no caso, o futebol, pode aproveitar para angariar mais receitas.
Obviamente, a situação econômica dos países não pode ser descartada numa análise comparativa, sob o risco de incorrermos na mesma atitude revanchista da CBF. Mesmo assim, não há como se negar que o futebol brasileiro tem muito a melhorar no que diz respeito à seriedade, honestidade e gestão de marketing.


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