terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Isso aqui é trabalho, meu filho


O título desse artigo é uma homenagem ao técnico Muricy Ramalho, campeão brasileiro de futebol de 2010 pelo Fluminense, que costuma resumir nessa frase a razão do seu sucesso.
Seu significado é bastante abrangente, pois trabalhar envolve uma série de princípios que  muitas vezes são esquecidos ou relegados a planos secundários.
  • Trabalhar envolve dedicação em aprender, se preparar, se doar, abrir mão muitas vezes de momentos de lazer e do convívio com a família.
  • Trabalhar é cumprir prazos, objetivos, contratos e, sobretudo, a própria palavra.
  • Trabalhar é respeitar colegas, comandantes e comandados.
Quem acha que trabalha e não obedece as condições citadas acima, apenas finge.



Mas enfim, o que todo esse discurso tem a ver com o tema central do blog?
Eu diria que muita coisa, pois a aplicação do marketing ao esporte envolve antes de tudo, aspectos relacionados à boa gestão.

Quem nunca leu ou ouviu falar de atletas, alguns até talentosos, que não se esforçam o suficiente e acabam não tendo um sucesso compatível com seu potencial.
E quando isso ocorre em esportes coletivos o fato é ainda mais grave, pois a convivência entre os que se esforçam e os “acomodados” deixam o ambiente conturbado, o que certamente prejudicará o desempenho da equipe.
No mundo corporativo, a presença de profissionais com essas características tem uma enorme influência negativa no clima organizacional, isso porque, na maioria das vezes esses “profissionais” não cumprem os prazos estabelecidos para suas tarefas, o que compromete o trabalho dos demais, gerando  mal estar e causando sensações de revolta e injustiça nos que cumprem com suas obrigações.

Nesse ambiente é fácil reconhecer esse tipo de colaborador(?), são aqueles  incapazes de trabalhar um pouco mais ou que, por desconhecerem certos assuntos optam pela comodidade de simplesmente assumirem a "ignorância" ao invés de dedicarem um esforço maior para aprender.
Outros, não humildes o suficiente, vão tocando suas funções sem o devido conhecimento, mas iguais aos primeiros, não procuram aprender e vão vivendo num mundo de aparências
Aqui, especialmente, vale citar o fato de que alguns gestores de marketing, inclusive do segmento esportivo, se aventuram a assumir cargos de liderança nessa área, sem terem a menor ideia do que seja realmente o marketing. Confundem uma disciplina de alto teor estratégico e que exige atenção a diversos fatores, principalmente quantitativos, com a "aptidão" em se ter ideias criativas para alguma espécie de promoção/divulgação. 
Sobre essa confusão, vale ler o artigo "A vulgarização do marleting" http://halfen-mktsport.blogspot.com/2009/12/vulgarizacao-do-marketing.html

Mas voltando ao técnico campeão, seria ótimo que todo profissional, independentemente da atividade exercida, tivesse como filosofia a forma de agir de Muricy Ramalho, seja no esforço dedicado a cada atividade que se propõe a realizar, seja na valorização de princípios tão básicos, mas cada vez mais raros, como a importância do cumprimento da palavra.
Posso garantir que agindo dessa forma as chances de triunfo são muito maiores, mesmo que em algum momento possa parecer que as conquistas demorem a chegar.
Para finalizar, além do parabenizar ao Fluminense pelo merecido título, cito  uma frase de Confúcio, que bem traduz como deve ser a postura em relação ao trabalho:
 “Encontre um trabalho que goste e não vai trabalhar um dia sequer na vida”.


3 comentários:

  1. Idel,
    Soube que voce assumira a funcao de dirigir o marketing do Fluminense. Antes de mais nada, desejo muito sucesso. Nosso clube precisa de gente competente. Gostaria de fazer uma sugestao. De uma olhada na loja do St. Pauli, um clube alemao que muito admiro. E incrivel. O Fluminense precisa de algo diferenciado (e de bom gosto) assim. Fazer mais do mesmo, como todos os times brasileiros, nao leva a lugar algum. Acabo de fazer uma compra de 150 euros na loja do St. Pauli. Tenho certeza de que muita gente poderia gastar o mesmo com produtor licenciados do Fluminense. O link: http://www.fcstpauli-shop.de/index.php/cat/c1_MAN.html

    Abracos,

    Alexandre Sivolella

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  2. Muito obrigado, Alexandre!
    Penso igual a você em relação a fazer algo diferente do que tem sido feito, principalmente em relação a licenciamento.
    Apesar de conhecer o St. Pauli, até escrevi um pouco sobre ele no artigo "Segmentação de Mercado" - http://halfen-mktsport.blogspot.com/2010/10/segmentacao-de-mercado.html, não conhecia sua loja.
    Gostei do que vi, fique inteiramente à vontade para sugerir e apontar exemplos interessantes.
    Abraços

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  3. Idel,

    Pode deixar que espero contribuir com alguma sugestão sempre que encontrar algo interessante.

    Acabo de ler o artigo sobre a segmentação que você indicou. Achei bastante apropriado e fico feliz de saber que você vem refletindo sobre tudo isso.

    Fico feliz, aliás, pelo blog como um todo, por saber que existe uma reflexão sobre o marketing esportivo. Dá uma esperança danada em relação ao Fluminense.

    O futebol brasileiro é muito carente em marketing e o Fluminense não foge disso.

    Fico, por exemplo, vendo a grande quantidade de mulheres torcedoras do clube em cada jogo. Elas precisam de produtos e ações específicas.

    Sou produtor audiovisual e fico também aflito com a falta de projetos ligados à produção audiovisual para o clube, tanto no acompanhamento do cotidiano em geral como em ocasiões específicas, mesmo sabendo que existe uma TV Flu ou coisa do tipo. Os torcedores que fazem os magníficos mosaicos, por exemplo, precisam de acompanhamento e suporte. Não é para institucionalizar a coisa - isso seria um crime contra a espontaneidade deles -, mas de apoio e de registro.

    Além disso, deveria partir do clube a iniciativa de editar livros não apenas comemorativos de determinados aniversários ou títulos, mas também de resgate da história do clube.

    É preciso manter o time na mídia, aproveitar a onda de boas notícias geradas pelo título brasileiro, por exemplo. Os torcedores tricampeões estão ávidos, ansiosos num momento de júbilo para abrir a carteira e gastar com o clube e para se fidelizar ainda mais.

    Eu, como mero torcedor, fico na expectativa, por exemplo, de um dia especial para o torcedor tricolor no estádio das Laranjeiras ou mesmo em outro local: tarde de assinaturas com os campeões. Imagine a possibilidade de contar com um uniforme especial, já com o escudo da CBF que todo campeão brasileiro ostenta, em que eu posso ter a assinatura real de todos ou pelo menos alguns jogadores do time campeão?!? Incrível. Eu pagaria por isso, que fosse R$ 100,00 por pessoa. Tem muito pai que levaria o filho para um evento assim: ter o autógrafo e tirar uma foto com Conca, Ricardo Berna, Diguinho, Fred, Emerson... Poderia haver promoções em rádios da cidade para isso para os que não possam eventualmente pagar. E certamente muita gente pagaria. E os portadores do passaporte tricolocar ficariam ainda mais felizes de saber que o passaporte comportaria a possibilidade de estar presente, como se o evento fosse um jogo.

    Fica a dica.

    Espero que algo assim possa acontecer.

    Abraços,

    Alexandre Sivolella

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