terça-feira, 25 de setembro de 2012

O tempo como estratégia



A correta administração do tempo é um enorme diferencial competitivo que tanto atletas como gestores deveriam explorar. 
Notem que aqui não me refiro à organização de forma a não se atrasar nos compromissos assumidos, na verdade, associo isso muito mais à educação e respeito ao próximo.

Claro que saber priorizar e consequentemente dedicar o tempo necessário à cada tarefa poderia se enquadrar no texto, porém fugiria um pouco da ideia central que é abordar o fator "estratégia". 

Competições de Natação, Atletismo e Ciclismo, principalmente em distâncias não muito curtas, são decididas, na maioria das vezes, graças à estratégia de prova, ou seja, na execução do que foi planejado. 

Saber a hora de quebrar o ritmo da prova, não se trata apenas de uma questão de preparo, mas de conhecer suas condições e as características dos concorrentes. 
Puxar uma prova desde o início pode ser interessante em competições onde se concorra com atletas mais velozes que, fatalmente, se beneficiariam caso a disputa fosse definida nos últimos metros.
Por outro lado, não cair na tentação de acompanhar algum atleta que resolva quebrar de forma irresponsável o ritmo da prova é também uma questão estratégica. 
O problema dessas decisões é que por mais informações que se tenha, nunca será possível ter a certeza de que aqueles competidores estão realmente como pensamos, aliás, nem nós mesmos, visto que muitas vezes nos surpreendermos positiva ou negativamente com nosso desempenho. 

No meio corporativo as estratégias de tempo também estão presentes. 
A disputa pelo título de patrocinador oficial dos Jogos Olímpicos de 1984 na categoria “fotografia” se deu entre Kodak e Fuji, sendo que a primeira com as bases do contrato praticamente fechadas resolveu adiar a assinatura com o intuito de obter economia financeira através dos juros. 
A demora na assinatura levou o COI a procurar a Fuji, que  fechou o patrocínio deixando a concorrente sem entender o que tinha acontecido. 
Esse patrocínio fez a Fuji aumentar sua participação no mercado norte-americano de 3% para 9%. 
Outro caso emblemático ocorreu em relação à escolha do patrocinador da categoria “telecomunicação sem fio” para os Jogos de Sydney, onde a Motorola após intensa negociação acertou as bases do contrato com o COI, mas às vésperas da assinatura resolveu oferecer um valor menor do que o combinado.
A estratégia nesse caso foi deixar o tempo passar de forma que o COI não tivesse tempo hábil para conseguir outro parceiro e fechasse nas condições proposta pela indústria. 
Com isso a Samsung, na época nem tão conhecida, foi contactada e até hoje é um dos patrocinadores dos Jogos. 
Tais exemplos não podem ser tomados como estratégias infalíveis, esperar e contrapropor podem dar certo algumas vezes, assim como decidir rapidamente pode não ser a melhor decisão. 
Tanto no mundo dos negócios como no esporte existem centenas de variáveis que influenciarão o resultado. 

A escolha da melhor estratégia é algo extremamente difícil e, por vezes, impossível de definir com exatidão, sendo a solução nesse caso, reunir e analisar o máximo de informações sobre mercado, concorrência e suas, para assim minimizar as chances de uma escolha ruim. 
Por fim, deve ficar bastante claro que, mesmo longe da certeza absoluta, uma estratégia frágil é melhor do que não ter estratégia.


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