terça-feira, 2 de outubro de 2012

Salários vs. Performance



Às vésperas do início da pré-temporada da NBA 2012-2013, as atenções se voltam para as contratações feitas pelas equipes.
O Los Angeles Lakers talvez tenha sido a franquia que mais investiu na aquisição de jogadores, suas principais contratações foram o armador Steve Nash do Phoenix Suns e o cobiçado pivô Dwight Howard do Orlando Magics, que se juntarão a um elenco que já conta com Kobe Bryant e Paul Gasol, entre outros.
Mas até que ponto o investimento em  jogadores consagrados e caros é garantia de bons resultados esportivos?
Em busca dessa resposta a Jambo Sport Business realizou um estudo que analisa a temporada 2011-2012 da NBA http://www.slideshare.net/jambosb/performance-vs-salrios-nba-20112012 sob o prisma de folha salarial vs. resultados obtidos.
Obviamente a proposta do estudo não é ter uma conclusão definitiva sobre o assunto, mesmo porque, para isso seria necessária uma série histórica de maior significância. 

Entretanto, a análise é interessante para diversas reflexões. 


Até que ponto ter um time com os jogadores de maiores salários é garantia de títulos? 



Se partirmos da premissa de que os melhores são mais bem remunerados, poderíamos concluir que existe realmente uma relação, pelo menos em tese, de causa e efeito. 

Entretanto, a realidade é um pouco diferente, pois variáveis como motivação, entrosamento, condicionamento físico, etc. acabam influenciando também os resultados esportivos. 
O próprio Lakers foi derrotado na final pelo Detroit Pistons na temporada 2003-2004 tendo no elenco jogadores como Kobe Bryant, Shaquille O'Neal, Gary Payton e Karl Malone.

Além disso, até que ponto os valores investidos em salários são suficientes para se conquistar um título, por exemplo. 
Será que esse título não seria conquistado se a folha salarial fosse 10% menor? E 20% menor? 

O estudo mostra que dos 5 times com maiores folhas salariais na temporada analisada – Boston Celtics, Orlando Magic, Los Angeles Lakers, Portland Blazers e Miami Heat – apenas um chegou à final do campeonato, o Miami, que se sagrou campeão com a 5ª maior folha. 
Seu adversário na final foi o Oklahoma Thunder (19ª maior folha). 




O trabalho também comparou o somatório dos 5 maiores salários de cada equipe, o que, em tese, seria o salário dos titulares, sobre o total de cada folha salarial. 
Sob esse quesito, a equipe com maior percentual foi o New York Knicks, que direcionou 79,8% de sua folha para pagar os 5 maiores salários, enquanto que a equipe do Minnesota Timberwolves destinou apenas 37,2%. 
O Miami sob esse parâmetro foi a equipe com o 9º maior percentual – 66 % e o Oklahoma a 25ª – 52,9%. 

Considerando o número de vitórias tanto nos Playoffs quanto na Regular Season, temos que cada vitória do Charlotte Bobcats custou US$ 8.266.150, enquanto que as do Miami custaram US$ 1.295.010 (4ª melhor relação custo/benefício) e as do Oklahoma US$ 1.044.153 (melhor relação custo benefício). 

Das 16 franquias que passaram para a 1ª fase dos Playoffs, 12 estavam entre as 15 com maiores custos de salários. 
Nos 8 confrontos dessa fase, apenas em dois os times com gastos inferiores em salários venceram. 
Já na fase seguinte, das 4 disputas, os times de menores gastos venceram a metade. 
As duas finais das Conferências foram vencidas pelos times que menos investiram em salários naqueles confrontos.

Como foi mencionado anteriormente, o estudo não se propõe ser conclusivo, porém é possível deduzir que: 
  • melhores salários não são garantia de melhores performances; 
  • uma folha salarial mais equilibrada tende a produzir melhores resultados;
  • folhas salariais reduzidas dificilmente levam a conquistas. 
Vale por fim refletir sobre até que ponto essas deduções podem ser derivadas para os demais esportes coletivos. 


2 comentários:

  1. Brilhante conteúdo Halfen, como sempre!
    Como finalizaste propondo uma reflexão sobre o tema, permita-me refletir.
    Acredito que uma folha salarial mais equilibrada tende a produzir melhores resultados. Isto, penso eu, é o ideal para todas as áreas, não apenas no meio esportivo.
    É sabido também, que sempre haverá profissionais que se destacarão dos demais. Para estes, deve haver uma premiação. Enfim, uma forma de ganho adicional pelo desempenho, resultado e comprometimento.
    Acredito que esta política de remuneração manterá o profissional motivado para uma constante busca de vitórias. Penso, também, que remunerações equilibradas para todos mais uma premiação individual pelo desempenho terminará ou, pelo menos, reduzirá o número de "estrelismo" que existe em todos os espaços produtivos do país. Um abraço

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  2. Obrigado, Cleudes

    Sobre a citação das premiações individuais, vale citar o que o Bernardinho instituiu na seleção de voleibol masculino, onde em certos campeonatos há uma premiação individual para os que são eleitos os melhores em cada fundamento.
    É certo que tanto no esporte como na vida corporativa ninguém consegue bons resultados atuando individualmente.
    Pegando o exemplo do voleibol, temos que um atacante tem mais chances de pontuar se o levantamento for bom, que por sua vez depende do passe ou da defesa e assim por diante.
    Diante desse conceito, ficou estabelecido que cada vencedor de prêmios individuais divide um percentual do mesmo com os demais membros da equipe.
    Abraço
    Idel

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