terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A necessidade do limite




Há muito tempo penso em escrever sobre as condições climáticas dos locais onde competições importantes costumam ser realizadas. A motivação para desenvolver o tema engloba não apenas a preparação/preservação dos atletas, mas também, a atratividade da competição.
Não custa lembrar que quanto maior a competitividade e o nível técnico que dada modalidade é praticada, maior a atratividade do evento e, consequentemente, maiores as chances de investimento no esporte.
Entretanto, mesmo diante dessas evidências, muitas competições continuam a ser realizadas em condições extremamente difíceis.
O Australia Open de Tênis 2014 é um bom exemplo do que me leva a ter tal nível de preocupação.
O calor acima de 40ºC trouxe situações que foram do derretimento da sola do tênis de alguns jogadores e de garrafas de água até desmaios e desistências de atletas.
Muitos poderão contrapor essa preocupação com a justificativa de que o atleta deve estar sempre preparado para quaisquer condições, o que não deixa de ser verdade desde que houvesse um limite razoável de temperatura.
Na verdade, o Australia Open até possui essa política em seu estatuto, que prevê a suspensão das partidas em quadras descobertas quando a temperatura atingir 42º C.
Apesar de ser uma iniciativa digna de ser replicada em competições de alto nível, creio que ainda haja espaço para se discutir quais as temperaturas limítrofes aceitáveis, tanto para o calor como para o frio.

Por outro lado, há que se levar em consideração os calendários esportivos, vitais ao planejamento de atletas, técnicos, detentores dos direitos de transmissão, patrocinadores e espectadores, o que torna difícil encontrar a solução. Esta, no entanto, passa mandatoriamente por estudos sobre temperaturas médias e avaliações prévias sobre alternativas de substituições.

Pode ainda entrar no rol das “regulamentações” de competições, o fator altitude que, apesar de beneficiar equipes locais das regiões mais altas, atrapalha indubitavelmente a boa prática esportiva.
Na mesma relação devem ser incluídas as situações de nevascas, enchentes e quaisquer outras que prejudiquem a normalidade da competição.  
Cumpre também relatar que várias modalidades esportivas como natação e atletismo já buscam a regulamentação dos aspectos ligados à temperatura, umidade e velocidade do vento, por exemplo. Os organizadores desses eventos entendem que não basta confiar no “bom senso” das pessoas, até porque cada pessoa tem o seu senso e o julgam como bom.

Por último, vale esclarecer que as ideias do texto não são aplicáveis às competições nas quais os limites do corpo se sobressaiam à técnica, ou seja, provas de ultra distâncias ou em condições desafiadoras não precisariam de tantas limitações, afinal, a atratividade destas vêm justamente da busca pela extrema superação.


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