terça-feira, 29 de julho de 2014

Como seria se...

A ideia deste artigo é fazer um exercício que permita discutir como seria a gestão, no caso aqui da CBF, no que tange à Copa do Mundo, caso a mesma se utilizasse de alguns conceitos relativamente básicos de uma empresa.
Vale salientar que trata-se apenas de uma mera reflexão baseada em suposições, não havendo a menor intenção em criticar ou pretensão de ter a “receita do sucesso”. Mesmo porque, seria, além de deselegante, idiotice, depreciar o trabalho de alguém sem o devido conhecimento do que se passa internamente.

Focaremos assim, nossa reflexão na importância e necessidade de se estabelecer critérios justos e transparentes, para daí discutir dois pontos:

1 - Como se dá a escolha dos profissionais?

Para deixar o assunto mais popular, nos concentraremos na escolha do técnico da seleção, já que quase toda população tem alguma opinião e preferência particular.
Evidentemente, eu mesmo tenho um preferido, porém tal preferência, confesso, é por uma questão muito mais de empatia do que por análises mais detalhadas. O que, no meu caso, não podia ser diferente, já que não conheço os objetivos, recursos e cultura da instituição.
No entanto, seria fundamental que antes da escolha do profissional, fosse traçado o perfil necessário à função.
Para deixar mais claro o que defendo, exemplificarei com a utilização de alguns atributos, ressaltando que são meramente ilustrativos.
Experiência internacional; relacionamento com atletas, colegas, dirigentes e imprensa; honestidade inquestionável; estilo tático de jogo; receptividade às ferramentas de tecnologia aplicada ao esporte; foco no planejamento, o que envolve curto, médio e longo prazos; liderança; disciplina; capacidade analítica; busca constante por atualização; resultados.
A partir destes atributos, é interessante ponderá-los pelo grau de importância que a cúpula prioriza, ou seja, pode ser que o fator honestidade seja considerado vital enquanto que capacidade analítica seja desprezível, daí o primeiro teria um peso maior.
A devida ponderação pouco importa, assim como a inclusão de outros atributos, pois o que queremos discutir aqui é o conceito.
Ao final, avalia-se cada candidato em relação aos atributos e se chega a uma classificação entre eles, a qual norteará a ordem de contato/negociação.

Obviamente que não se trata de um processo infalível, visto que as possibilidades de erros são enormes, seja na seleção de atributos ou na avaliação do profissional, mas pelo menos ficaria claro que a escolha se deu com base em critérios alinhados com a política daquela modalidade.

2 - Quais os critérios de avaliação de performance?

De forma simplória a resposta seria: “conquista de todos os campeonatos que participar”, o que não deixa de ser um critério, porém, este fatalmente não privilegia as ações de médio e longo prazos e deixará 31 profissionais desempregados a cada Copa do Mundo, isso sem contar os demais torneios.

Peguemos o 4º lugar do Brasil na Copa do Mundo de 2014. Foi ruim? Se considerarmos as nossas expectativas pelo hexa, foi péssimo, mas se considerarmos que a FIFA tem mais de 200 países como membros, não foi tão ruim assim.
Além do que, temos que analisar friamente se nossa safra de jogadores é boa, se houve tempo suficiente de preparação, tudo isso comparativamente com os adversários.
Claro que para o torcedor e para a opinião pública, o que importa é a vitória, mas por outro lado, é imprescindível para um bom gestor, saber o que realmente quer e suportar pressão.
Afinal de contas, o pior gestor que pode existir é aquele que muda a todo momento de opinião. Ser flexível é qualidade, ser frouxo é desvio de caráter.

Por fim, vale salientar que a utilização de critérios transparentes é vital para uma gestão que se propõe a ser séria, honesta e eficaz, seja ela em empresas, clubes, confederações ou governos.




Nenhum comentário:

Postar um comentário