Utilizar pessoas para endossar ou representar marcas e produtos é tarefa das mais complexas para um bom executivo de marketing. O adjetivo “bom” se faz necessário aqui, pois muitas pessoas de forma irresponsável sugerem esse tipo de iniciativa como se fosse algo simples e não requeresse análises e planejamentos detalhados.
Quando se lida com esporte, sejam empresas do segmento ou que o utilizem como plataforma de marketing, o desafio me parece ainda maior.
Isso ocorre tanto pela expectativa em relação à conduta dos que atuam no esporte como também pela grande quantidade de situações de ameaças, tais como doping, rejeição dos fãs, declarações contextualizadas de forma “covarde” por parte da imprensa e vida pessoal com alguns excessos.
Isso ocorre tanto pela expectativa em relação à conduta dos que atuam no esporte como também pela grande quantidade de situações de ameaças, tais como doping, rejeição dos fãs, declarações contextualizadas de forma “covarde” por parte da imprensa e vida pessoal com alguns excessos.
Diante desse cenário não surpreende que alguns atletas, mesmo depois de encerrarem a carreira ainda sejam contratados por empresas.
Indo mais longe, creio que a melhor forma para estabelecer se algum atleta é realmente um ídolo ou não, é avaliando sua popularidade, reconhecimento e atratividade mesmo após deixar o esporte.
A seguir, narrarei dois casos que exemplificam bem esse meu ponto de vista.
1 – O tenista brasileiro Guga Kuerten que, aposentado das quadras desde 2008 e tendo vencido seu último Grand Slam há 14 anos, acaba de ser contratado pelo Itaú para ser seu embaixador na modalidade.
Mesmo sem nunca ter trabalhado no setor financeiro, costumo analisar sob o prisma de marketing a atuação das empresas em alguns ramos onde a competitividade se faz presente e as características de mercado diferem entre si, razão pela qual acompanho de perto a atuação do Itaú e a considero uma das melhores no que tange às estratégias de marketing, opinião que se solidifica ainda mais ao tomar ciência da contratação do Guga.
Com essa iniciativa, o banco trabalha o rejuvenescimento de sua base, associa a marca a um esporte cujos fãs têm um perfil interessante aos seus objetivos de mercado, fortalece sua presença na modalidade e marca território nos esportes olímpicos, isso sem contar que o Guga foi patrocinado no passado pelo Banco do Brasil.
Cumpre ainda relatar que o ex #1 do mundo possui atualmente os patrocínios do Correios, Lacoste, Tintas Coral, Aurora e Hublot.
2 – O pugilista Muhammad Ali que com 73 anos e padecendo de mal de Parkinson foi contratado pela empresa de material esportivo Under Armour que, além de lançar uma linha de produtos com seu nome, usará sua imagem em campanhas publicitárias.
Pode parecer estranho e paradoxal que uma marca esportiva tenha como um dos seus ícones, um atleta aposentado, mais velho e doente, mas se analisarmos a situação de forma geral, veremos que outras personalidades também foram contratadas pela Under Armour, tais como Gisele Bundchen, o jogador de basquete Stephen Curry e o ator Jamie Foxx, o que permitirá à empresa adequar sua estratégia de acordo com o objetivo do momento.
Entretanto, mesmo que não houvesse tais personalidades no portfólio de “contratados” da empresa, o pugilista por si só já seria capaz de incorporar à marca atributos valiosos como perseverança, fé, dedicação, inteligência, talento, caráter e bom humor, além de ser um vencedor.
Como podemos ver, são atributos raros de se ver numa só pessoa, assim como raros são os ídolos, mas talvez a mensagem mais importante que esse texto traga é a de que a idade é um fator desprezível quando comparados à capacidade de gerar resultados e caráter.
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