terça-feira, 13 de outubro de 2015

O produto Ironman


No sábado passado foi realizada mais uma edição do Campeonato Mundial de Ironman em Kailua-Kona, um local mágico no Hawaii.
Após um período “meio distante” desse tipo de prova, resolvi acompanhar o evento, pois dele participavam vários triatletas advindos das competições com distância olímpica, as quais costumo ser mais assíduo nos eventos e noticiários.
Mas como acompanhar?
Esperar que alguma emissora brasileira se disponha a dedicar mais de oito horas de sua programação a um evento esportivo está fora de cogitações.
Monitorar somente através das redes sócias também não deixa o programa muito interessante.
Assistir pelo site era uma opção que não me passava muita segurança, pois nas vezes passadas a qualidade não foi das melhores. Mesmo assim, talvez influenciado pela falta de opções esportivas naquele dia, me convenci a dar uma nova chance a essa alternativa e não me arrependi. Fiquei impressionado com a melhoria da transmissão, a qual, apesar de algumas vezes ter “congelado” e de não citar fatos sobre o desempenho de alguns competidores, conseguiu me deixar entretido diante da tela, ou melhor das telas, já que as próprias informações do site através dos chips dos competidores e as redes sociais complementavam o visual de Kona – que visual – e a narração.
Muito provavelmente, o testemunho acima pode soar como bem desinteressante aos olhos de quem não é fã do triathlon. Porém, para quem é amante do esporte e acredita no marketing como ferramenta para auxiliar o desenvolvimento sustentável dessa atividade, o relato pode permitir reflexões valiosas.
A principal delas é que, independentemente de ser uma competição de alta duração e com uma quantidade de “interessados” bem inferior à grande maioria dos eventos “consagrados”, é possível ter transmissão ao vivo.
Corrobora para essa conclusão, a quantidade de ações de ambush marketing – marketing de emboscada – que pode ser vista na transmissão, aliás, uma preocupação que deve estar permeando o pensamento dos organizadores.
O fato de ser um esporte individual, onde não haja o confronto direto, tal como ocorre no tênis, e de ser praticado num local em que não é possível se visualizar todo o percurso, como acontece na natação ou no atletismo, também prejudica a atratividade da competição. Isso sem citar, a ausência de ídolos “globais”, os quais têm a capacidade de engajar torcida, mídia e patrocinadores, entre outros.


Mas então, qual seria a razão do sucesso do Ironman? A resposta é simples!
Eles souberam entender o mercado e se posicionar como um produto de nicho, sem a pretensão de se chegar a uma quantidade de praticantes, patrocinadores e espectadores – mesmo que crescente – como a de um produto de massa, tipo o futebol.
A partir desse entendimento, o produto Ironman vem sendo aprimorado de forma que suas limitações sejam superadas com iniciativas criativas e as oportunidades que surgem sejam aproveitadas dentro de um planejamento de médio e longo prazo.
Entre os melhores exemplos dessas iniciativas estão: 
  • A crescente quantidade de eventos, o que implica em expansão geográfica e consequentemente de praticantes e patrocinadores;
  • A criação de um novo produto, o 70.3, que mesmo sendo a metade da distância do Ironman recebe status similar. 
Outro ponto que não passou despercebido no evento de sábado, e minimiza alguns problemas do “produto” como o de não haver “disputas” e/ou ultrapassagens eletrizantes em grande parte da prova, foi a integração entre as mídias, no caso site, redes sociais e a própria transmissão. Através desse recurso foi possível fazer simulações de tempos, de ordem de classificação e até interagir com amigos sobre a competição, ou seja, conseguiram entreter os espectadores.
Sem dúvida, uma excelente lição aos gestores do esporte que, por falta de visão estratégica, não ousam sair do lugar comum.



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