terça-feira, 10 de outubro de 2017

Os donos da verdade

Ter opinião sobre algum assunto é um direito de qualquer cidadão, assim como expressá-la de forma respeitosa. Entretanto, com o advento das redes sociais as opiniões se tornaram “verdades absolutas” e passaram a ter propagadores fanáticos na defesa dos respectivos pontos de vista.
E o pior de tudo é que na maioria das vezes, tais “verdades absolutas” não passam de opiniões sem nenhuma base teórica ou até mesmo prática daquele assunto, sendo a inflexibilidade e o radicalismo de seus autores os escudos para ocultarem o desconhecimento latente.
Reparem que não me refiro às narrativas de fatos, essas por si só já são definitivas ainda que as contextualizações possam variar. Falo de opiniões que envolvam subjetividade e que necessitem de conhecimento, estudos e de variáveis ocultas aos olhos de quem está de fora.
No ambiente corporativo, talvez pelo fato de não envolver paixão, esse tipo de manifestação é mais raro, e costuma acontecer quando algum integrante de outro departamento sugere ou questiona os motivos da adoção ou não adoção de alguma prática. Além do que, os eventuais executivos “palpiteiros” têm geralmente a noção de que gestão é algo complexo e que fórmula mágica existe apenas na ficção. 
Já no esporte as ocorrências se sucedem numa frequência absurda, elas partem de torcedores cegos pela paixão, dos oportunistas políticos ou até dos que, ainda que bem intencionados, não têm a menor noção da conjuntura que envolve o tema em debate. Claro que muitas sugestões são coerentes e podem ser aproveitadas, mas a discussão não é essa e sim a postura da grande maioria que acredita possuir o monopólio da certeza.
Sem sair do campo esportivo, temos os “especialistas” que entendem tudo da parte técnica e, mesmo sem o conhecimento necessário, criticam veementemente as escalações, substituições, contratações e tudo mais que interfira no desempenho. Sobre esses nem vale se aprofundar, pois já fazem parte da cultura e sofrem o contraponto dos que agem da mesma forma, mas discordam das suas colocações.
Os mais pitorescos nessa seara são os que escolheram aparecer através de textos sobre gestão e, curiosamente, têm a receita infalível para se atingir os objetivos mais ambiciosos possíveis. O detalhe interessante aqui é que tais "gênios" jamais "fizeram" ou procuraram saber como é a realidade, fato que corrobora para o surgimento da dúvida: por que nenhuma organização esportiva convida esse tipo de sujeito para integrar sua equipe? 
Penso que são duas as razões: a primeira é pela constatação de que as opiniões desses "influenciadores" carece de embasamento/coerência, e a segunda é que a postura de dono da verdade não cabe em nenhum tipo de ambiente.
Pensando melhor, talvez caiba em estruturas solitárias sem contato com o mundo externo, aonde as consequências das decisões não interferem no universo - algo mais ou menos como um simulador de voo.




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