terça-feira, 3 de outubro de 2017

Quem bate? Quem faz?



Serve como ilustração para o desenvolvimento do artigo, a discussão ocorrida em pleno campo de jogo entre o brasileiro Neymar e o uruguaio Cavani pelo direito de ser o cobrador de um pênalti. 
É necessário que fique claro que o citado episódio não guarda nenhum ineditismo, talvez ele seja o mais lembrado em função do bombardeio feito pela mídia e por ter acontecido recentemente. Tampouco se trata de exclusividade do meio esportivo, aliás, muito pelo contrário.
Tanto no esporte como no mundo corporativo, o problema é relativamente comum e tem como causa principal a falta de uma definição prévia das responsabilidades de cada profissional e de cada setor. Complementa o diagnóstico a resposta para a pergunta: qual a dificuldade de se estabelecer tais definições? Afinal de contas na maioria das vezes não se tratam de situações inusitadas, e sim o oposto, já que fazem parte do cotidiano da atividade.
São duas as possibilidades de resposta: fragilidade/ incompetência do gestor responsável e/ou carência de processos que estabeleçam os limites de alçada para cada parte da organização. 
É óbvio que qualquer decisão que envolva a escolha de um “lado” pode trazer consequências não muito agradáveis, contudo, essas são mais fáceis de administrar do que a contínua “briga pelo espaço”, a qual tem o poder de contaminar toda a organização e costuma deixar sequelas graves, tais como a formação “panelas” e desvios de foco do objetivo macro da organização.
A opção de esperar o tempo passar para acomodar a situação é, nesse caso, a pior alternativa possível, visto que dessa forma o ambiente fica ainda mais desarrumado e pior, ambos os lados da “contenda” ganham a certeza de que quem deve decidir é despreparado para a função.
De antemão aviso que a célebre citação de Maquiavel: “dividir para governar”, é totalmente fora de contexto nesse caso, pois quando se trata de equipes a união é fundamental.
No caso do clube francês bastava estabelecer, em função de algum critério coerente, quem seria o responsável pelas cobranças da penalidade máxima, cabendo ao que fosse preterido argumentar internamente e, se mesmo assim não convencesse o “comandante”, aceitar e trabalhar para reverter a situação treinando e demonstrando comprometimento com o grupo. Na verdade, nem sei se a adoção agora dessa medida conseguirá consertar o ambiente, pois, como escrevi acima, o comandante deixou evidente sua falta de firmeza, o que é péssimo, afinal uma das características mais importantes de um líder é ter a confiança dos seus liderados.
Em tempo, é importante explicitar que todo esse discurso expondo a responsabilidade do “comandante” não exime de forma nenhuma aqueles que, ao invés de resolverem os eventuais conflitos de forma discreta e internamente, demonstram em público suas insatisfações, deixando claro que os interesses individuais estão acima do coletivo.


2 comentários:

  1. Sua postagem de hoje, foi quando a li, analisa sob o pretexto do futebol, o fato real de responsabilidade ou da irresponsabilidade, visto que ambas andam de mãos dadas. Quem pode? Quem deve? Quem decidi? Sempre foi um problema complicado e que envolve o poder decisório, que muitas vezes pode estar equivocado. As forças armadas criaram a máxima simplista de "manda quem pode, obedece que deve". Empresas familiares se afundaram seguindo esta máxima, porque nem sempre aquele que pode está preparado para poder. Como o marketing esportivo é sua especialidade, voltando ao tema do "bate ou não bate", considero ridículo e sem propósito uma das equipes hoje mais ricas do mundo, time com uma legião de torcedores, com toda uma fortuna em euros envolvida no seu desenvolvimento ver dois empregados do clube - todo assalariado é sempre um empregado -, batendo boca como dois meninos de escola maternal, diante de milhares de torcedores no estádio e milhões nas televisões como se o clube que os paga regiamente fosse um nada. Falta de comando e, quem sabe, os militares tenham razão e o grande errado seja a comissão técnica do PSG por não ter avaliado este jogo de egos antes do fato, e não depois como o fez. Forte abraço em um dia londrino.

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  2. Muito obrigado por seu comentário.
    Concordo plenamente com o que vc acrescentou ao texto.
    Só gostaria de esclarecer que marketing esportivo não é minha especialidade, e sim o marketing de forma geral.
    Eu apenas uso os exemplos que ocorrem na esfera esportivo para provocar a reflexão sobre conceitos de marketing e gestão.
    Forte abraço

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