Com o fim da temporada brasileira de futebol os noticiários se voltam às possíveis transferências de jogadores, muitas delas efeitos de especulações infundadas plantadas por empresários ou por jornalistas ávidos por audiência.
Um simples comentário
sobre a qualidade de um jogador tem a capacidade de ser transformado em “interesse
na contratação”, uma mera sondagem chega ao público como “negociações avançadas”.
Tais distorções talvez até consigam satisfazer os objetivos comerciais de curto
prazo dos veículos, porém, imputam expectativas que, além de frustrarem os torcedores,
expõem os jogadores cujas transferências não são efetivadas.
Sobre a frustração do
torcedor não há muito que falar, cabe a ele guardar na memória quais veículos
merecem credibilidade e não mais acessar os sensacionalistas mentirosos, a
menos que tenha vocação para gostar de ser enganado, tema que não cabe aqui
abordar.
Já sobre os jogadores
a discussão é bastante interessante por envolver conceitos de gestão.
Estabelecido que nem
toda notícia sobre transferência é verdadeira, cabe relatar que o fato de
recusar uma proposta não faz de nenhum jogador uma má pessoa, tampouco do clube
preterido uma instituição desacreditada.
Todo profissional tem
o direito de avaliar as propostas que lhe chegam e optar pela que lhe pareça
melhor, no futebol isso fica mais evidente em função dos noticiários, mas no meio
corporativo esse tipo de situação é também ou até mais comum.
Deve também ficar
claro que cada ser humano tem sua própria escala de valores, a qual pode se
transformar ao longo da vida. Em vista disso, julgar as decisões estando de fora se
caracteriza numa indubitável prova de ignorância, afinal de contas, o fato
de uma escolha ser diferente da que faríamos não significa que a outra seja pior, nem melhor...
Um profissional costuma considerar em sua escolha: a remuneração oferecida, o tempo do contrato, a estabilidade, as
perspectivas de crescimento, a visibilidade, o ambiente/cultura, a situação financeira da organização, a
localização, a imagem passada e, no caso
do futebol, o comportamento da torcida e as chances de se sagrar vitorioso.
Reforço que o grau de importância dedicado a cada um desses pontos varia em função das características e anseios individuais.
E onde entra o
marketing nessa história? No caso de um clube futebol, partindo da premissa que
exista um perfil pré-definido em termos de faixa etária, personalidade e
momento na carreira, caberia ao clube identificar quais atributos costumam ser mais
valorizados pelos jogadores com tais perfis e ao marketing trabalhar para que a
instituição seja percebida como ótima nos pontos cuja avaliação contenham algum
grau de subjetividade.
No caso de empresas,
existem até publicações que elaboram rankings sobre as melhores para se trabalhar. Esses rankings atualmente têm o poder de balizar a escolha de muitos
profissionais, além de ajudarem na retenção de talentos.
É
claro que existem expressivas diferenças entre o esporte e o mercado corporativo,
mas penso que a busca pela adaptação das práticas que têm dado certo em outros
setores deveria ser um objetivo a ser perseguido pelos gestores, independentemente do ramo em que atuam.
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