terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Mostrando a cara

Poder escolher, mesmo correndo o risco de se arrepender é, sem dúvida, uma situação melhor do que não ter escolhas, o que não significa dizer que seja um ato fácil.
Creio que o grau de dificuldade seja ainda maior quando se trata de escolher pessoas para sua equipe, afinal de contas, o tempo e as interações para se chegar aos selecionados são exíguos, além disso, os candidatos, cientes de que estão sendo avaliados e precisam “se vender”, não agem de forma totalmente natural, o que é perfeitamente normal.
Ainda que surjam métodos de avaliação cada vez mais avançados, é impossível ter a certeza absoluta de que foi feita uma boa escolha. Aliás, a certeza quanto a isso só se poderá ter ao fim da relação, pois é no dia a dia e no desligamento que as pessoas se revelam. Sendo sucinto, podemos resumir que as situações de conflitos são as melhores para se identificar a firmeza, educação e princípios de um indivíduo.
Na verdade, nas situações do cotidiano é até possível mascarar algum desvio de caráter, já que as reações costumam ser influenciadas pela motivação da continuidade da relação, em outras palavras, do receio de ser demitido. Porém, nos casos de desligamentos ou intenção de que esses ocorram, a verdadeira faceta é prontamente revelada sem o menor constrangimento.
Alguns passam a se dedicar menos enquanto outros, pasmem, chegam ao ponto de faltar constantemente ao trabalho sem dar satisfação. 
E não faço aqui nenhum tipo de crítica ao direito à greve, esse existe e é regulamentado, tendo entre outras características o fato de precisar de anúncio prévio para ser legal. Tampouco critico aqui a possibilidade de um funcionário faltar por motivos de doença, acidentes e demais prerrogativas facultadas pela legislação.
Refiro-me aos atos infames de se faltar para criar situações que levem ao fim da relação e/ou se crie uma forma de resolver alguma pendência. 
Isso no meu modo de ver é inadmissível e mostra com total transparência a personalidade e o caráter de quem comete tais atos.
Evitar que isso aconteça é mais uma daquelas tarefas impossíveis no caso de um primeiro emprego do colaborador, visto ser muito difícil detectar num processo seletivo o grau de insensatez das pessoas, até porque essas costumam ser bastante dissimuladas, além do que, em grande parte das vezes a atenção do contratante se volta muito mais para os aspectos técnicos e de conhecimento sobre a função a ser exercida.
Contudo, é perfeitamente factível que a decepção não se repita com colaboradores advindos de outras instituições, bastaria para isso que as organizações criassem um canal de comunicação eficaz para denunciar atos como esses e se unissem para não absorver pessoas com esse tipo de índole. Claro que para isso funcionar seria fundamental que as instituições encampassem uma bandeira ética, de modo que não exista a menor possibilidade de condutas passionais e persecutórias.

Recolha um cão na rua, dê-lhe de comer e ele não lhe morderá: eis a diferença fundamental entre o cão e o Homem.
MARK TWAIN


Nenhum comentário:

Postar um comentário