A frase que dá título
ao artigo pode até parecer utópica para os que adicionam ao ato de torcer uma
componente perigosíssima: a paixão, a qual é capaz de contaminar julgamentos e interpretações sobre fatos relacionados aos alvos de suas predileções. E pouca diferença irá fazer se o autor do
julgamento tem conhecimento suficiente para opinar a respeito, até porque não
se trata de uma opinião isenta e sim da defesa de sua convicção, instituição ou partido.
No futebol, um
técnico passará a ser burro no momento em que a escalação e/ou substituição que
ele fizer não coincidir com a do sujeito “inteligente” que não conhece os
bastidores e jamais teve experiência na profissão, mas se porta como tal.
Esse tipo de prepotência não fica restrito aos aspectos ligados
ao desempenho esportivo, afinal, segundo dizem, todo brasileiro é um técnico. Aliás,
a coisa evoluiu de tal forma que agora todo brasileiro é também gestor,
independentemente do que tenha estudado ou até que nem tenha estudado.
O que antes parecia limitado
ao futebol parece ter extrapolado para diversos segmentos, inclusive para a política
em todas as suas manifestações.
Decisões judiciais
passaram a ser contestadas por qualquer um, pouco importando se os "contestadores" têm ciência sobre
os códigos penais, dos autos dos processos, ou se nem sabem o que isso
significa. Se a decisão coincide com o que "torce", o juiz é honesto, caso
contrário, trata-se de um venal.
Não se descarta a
possibilidade de a falta de honestidade se fazer presente em
julgamentos, assim como não podem ser desprezados os graus de isenção de um
juiz ou mesmo sua capacidade. Porém, apelar para esses como instrumento de
argumentação não me parece razoável.
Outro argumento
bastante evocado é o do uso “bom senso”. Para quem o usa, seria interessante perguntar se
eles já viram alguém admitir que não tem “bom senso”, ou se consideram o “bom
senso” um monopólio deles ou dos que pensam iguais a eles.
Nesse contexto, é bastante
provável encontrar pessoas que defendam agressões verbais a um ministro do
Supremo Tribunal Federal quando esse está em seu momento de lazer, mas que condene uma senadora que insufle a população contra a decisão de um juiz, ou vice-versa.
Isso sem falar no caso de um senador que ao se ver contrariado incita a população para ações de violência, mas se sente ultrajado quando a violência é contra ele.
Para que não pairem dúvidas, acho todos os fatos condenáveis.
Os que aceitam esse tipo de postura apelam para o discurso da democracia como justificativa, o que não faz o menor sentido, pois democracia não dá o direito a ofender e perturbar a ordem de quem quer que seja.
Isso sem falar no caso de um senador que ao se ver contrariado incita a população para ações de violência, mas se sente ultrajado quando a violência é contra ele.
Para que não pairem dúvidas, acho todos os fatos condenáveis.
Os que aceitam esse tipo de postura apelam para o discurso da democracia como justificativa, o que não faz o menor sentido, pois democracia não dá o direito a ofender e perturbar a ordem de quem quer que seja.
Parecem esquecer que a busca pela justiça feita com as próprias mãos e/ou pelo próprio arbítrio abre um precedente
perigosíssimo, além do que, vale lembrar que os corruptos agora julgados e
condenados tiveram esse mesmo raciocínio ao quererem arbitrar suas remunerações
tendo as propinas como complemento de seus salários.
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