terça-feira, 10 de abril de 2018

Pontos alternativos



O setor esportivo, com o intuito de estar presente para novos públicos e promover as modalidades, tem adotado como uma de suas iniciativas a realização de competições em locais que originalmente não são voltados para esses eventos.
Entre essas ações podemos elencar a instalação de uma piscina na praia de Copacabana, partidas de voleibol em estádios de futebol e partidas de hockey sobre o gelo em arenas a céu aberto nas quais costumam acontecer jogos de beisebol e futebol americano.
São ideias bastante originais, mas que devem ter causado dúvidas e rejeições quando sugeridas pela primeira vez.
Reações similares também ocorrem no mercado de bens de consumo, onde disponibilizar produtos para o maior número de pessoas é objetivo de todo gestor, evidentemente que de forma rentável, ou seja, dentro de condições em que os custos de marketing, logística e comercial sejam compensados pelo maior volume de vendas com margens de lucro satisfatórias.
Hoje é possível encontrar, por exemplo, refrigerantes sendo vendidos em bancas de jornal e farmácias, sandálias em padarias e até pães sendo feitos nas lojas de conveniência dos postos de gasolina. Situações que podem parecer normais nos dias atuais, mas que eram inconcebíveis num passado recente.
Nesse passado, os refrigerantes eram artigos exclusivos de bares e supermercados, as sandálias de sapatarias e os pães de padaria, relações que parecem óbvias, afinal de contas o cliente buscava esses estabelecimentos quando demandavam tais produtos.
Aliás, os próprios varejistas buscavam, ainda que empiricamente, se posicionar como especialistas naquilo que se propunham a comercializar e não admitiam usar suas áreas de vendas para produtos diferentes dos habituais. Certamente não pensavam no conceito de conveniência, tampouco nas compras por impulso.
Derrubar tal paradigma foi um enorme desafio para ambos os lados. 
Para a indústria, pois, por possuir uma estrutura totalmente direcionada ao convencional - onde se incluem embalagens de embarque, equipes de vendas, veículos de entrega, condições comerciais e merchandising, entre outros - precisou fazer investimentos para que os novos canais pudessem ser bem atendidos. Isso tudo sem a certeza da aceitação do consumidor e dos próprios varejistas desses novos canais. Devem ainda ser acrescentadas ao cenário: a provável desconfiança de parte do board e a pressão dos antigos clientes que passariam a ter novos concorrentes.
Pelo lado do “novo” varejo fez-se necessário: apostar na dedicação de um espaço para a inclusão de novos itens no mix - o que contempla layout de loja, planograma e área de estoque -, criar novos mecanismos de compras, vendas e controles, correr o risco de perder o posicionamento conquistado ao longo dos anos e passar a ter novos concorrentes, os quais, talvez, com melhores condições negociais em virtude de possuírem uma relação mais longa com a indústria .
O que podemos concluir com esse artigo é que ideias para aproximar ou oferecer produtos ao cliente devem sempre ser analisadas, ainda que aparentemente possam parecer descabidas e difíceis quando surgem. 
Sendo importante ter em mente que tais iniciativas têm a função primordial de complementar o sortimento de produtos e que eventuais substituições radicais no mix original podem incorrer em sérios riscos tanto para a operação quanto para a identidade e posicionamento das marcas envolvidas.




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