Na época em que alguns clubes de futebol estavam para trocar seus tradicionais fornecedores de material esportivo por empresas "aventureiras", escrevi um artigo sob o título “Dinheiro não é tudo” - http://halfen-mktsport.blogspot.com.br/2015/12/dinheiro-nao-e-tudo.html - , nele mostrava a importância de se considerar inúmeros outros fatores em decisões que envolvem relações duradouras e não apenas o dinheiro. Pena que na época o texto não foi entendido pelos gestores desses clubes, que acabaram optando por terem como parceiro uma marca incapaz de arcar com os compromissos – inclusive pagamentos – contemplados em contrato.
Derivando para uma situação de escolha do emprego, fato que reconheço ser mais raro em cenários de crise econômica, podemos afirmar que salário não é tudo.
Não me refiro aqui apenas aos benefícios que se incorporam ao salário e podem ser mensurados quantitativamente. Tampouco faço alusão a outros fatores relacionados às perspectivas de carreira e à melhor qualidade de vida como a proximidade da residência e atividades que, em tese, não sejam ligadas ao exercício das funções.
Claro que tudo isso é importante na tomada de decisão, porém, há outra variável que também considero de extrema relevância: o líder, aquele a quem o colaborador se reportará.
E quais seriam as principais características de um bom líder? Antecipo que não serão citados nessa resposta aspectos como caráter e honestidade, visto serem essas obrigações de qualquer ser humano, aliás, esses jamais deveriam ser vistos como pontos de diferenciação.
Partindo da premissa da plena capacitação técnica do líder, a qual consiste no conhecimento da função e na visão do coletivo, a diferenciação, no meu modo de ver, se dá em duas grandes frentes:
Capacidade de desenvolvimento, que consiste em extrair o melhor de cada colaborador, de modo que não se exija o que não se conseguirá obter, mas que se descubra e explore os respectivos potenciais, valendo ressaltar que muitas desses podem até então serem desconhecidos.
Tratamento dispensado, onde a confiança irá reger o relacionamento, de forma que todo comandado perceba que o que é solicitado faz parte de um plano de ação e que a exigência será sempre proporcional à sua capacidade. Além disso, deverá acreditar que o líder o preservará e o orientará em casos de mau desempenho antes de qualquer atitude mais drástica, já os sucessos sempre lhe serão reconhecidos publicamente. Infelizmente, muitos líderes confundem cobrança com desrespeito, parecendo esquecer que o equilíbrio psicológico influencia sobremaneira o desempenho e, consequentemente a coesão da equipe.
Para deixar ainda mais claro e objetivo o que foi escrito acima, vale citar um exemplo de liderança extraído do esporte: o técnico Bernardinho, detentor de inúmeros títulos e que recentemente levou sua equipe à final da Superliga de voleibol com uma equipe teoricamente inferior, mas que conseguiu se superar justamente em função do desenvolvimento e tratamento proporcionado.
Não custa lembrar que muitas das jogadoras e membros da comissão técnica abriram mão de remunerações superiores ofertadas por outras equipes para poderem ser lideradas pelo técnico, o que corrobora para confirmar o título do artigo.
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