Quem não já se pegou
lendo alguma matéria sobre as previsões dos anos que se iniciam? A doença de um artista famoso, a morte de uma personalidade, a gravidez de
alguma celebridade ou mesmo algum conflito entre nações certamente estão entre os augúrios. Obviamente que sem nominarem os envolvidos.
Mesmo os desprovidos
da suposta “mediunidade necessária” poderiam repetir tais vaticínios e até aplicá-los
indistintamente a qualquer ano, pois, provavelmente, as chances de acerto seriam
altíssimas. Situação que nos leva a crer que o citado exercício de “previsão” pode
ser caracterizado como uma espécie de achismo, influenciado pela não
determinação efetiva dos nomes e no esquecimento do que foi profetizado, além, é claro, da recorrência dos eventos.
Nada que interfira
nas vidas das pessoas, além da perda de tempo em ler e tentar adivinhar os
nomes contidos nas mensagens cifradas.
No entanto, as predições
sem base científica não ficam restritas aos veículos de mídia em busca da audiência, não é raro encontrar também no mercado corporativo “trabalhos” de
estimativas de receitas com pouquíssimos embasamentos estatísticos, e o mais
grave: estes é que pautam as decisões das empresas.
A causa desse cenário não
está relacionada somente à complexidade de se desenvolver modelos preditivos
eficazes, mas também à própria falta de preparo dos envolvidos na elaboração
das estimativas e ao desconhecimento em relação à importância de se obter
números precisos. Nesse “grupo” é possível encontrar parte do pessoal de vendas que,
temendo eventuais rupturas de estoque, preferem majorar suas estimativas,
esquecendo-se que, agindo dessa forma, passarão também a ter cobranças mais
desafiadoras e prejudicarão a empresa caso os produtos não girem, o que acarretará em um sacrifício nas margens para que o estoque não exceda o razoável. Já os que
temem a cobrança por metas mais agressivas indicam um desempenho mais tímido, o que também
traz reflexos negativos ao deixar espaço para a concorrência se apoderar de uma
fatia maior do mercado em virtude de não se ter produtos suficientes para
atender a real demanda.
Nesse último caso a
situação é ainda mais grave, pois compromete o histórico de vendas - e consequentemente futuras estimativas -, visto não se saber
através dos próprios números se a demanda atingiu realmente seu limite ou se os
números apurados ocorreram em função de não haver mais produtos para se
ofertar. Evidentemente que um estudo sobre a participação de mercado pode
ajudar a identificar o ocorrido, ainda assim sem a devida certeza, já que o acesso às ações comerciais da concorrência é mais restrito.
As implicações
estendem-se também aos investimentos, até porque a contratação de pessoas e
equipamentos é atrelada às expectativas de retorno.
Não
devem ser eximidos de responsabilidades os próprios executivos de marketing ou
quem os contratou, afinal de contas deveria ser requisito de admissão para a
posição o domínio de princípios de economia, estatística e econometria, de forma a permitir uma análise mais apurada das variáveis que podem influenciar o comportamento
do mercado.
Reitero
que não se trata de uma tarefa fácil, até porque entre os fatores a serem
levados em consideração há uma gama enorme de variáveis incontroláveis, muitas
das quais frutos também de estimativas, contudo há que se dedicar o máximo de
atenção ao assunto sob o risco das estimativas de vendas passarem a fazer
companhia às previsões mencionadas no início do texto.
Feliz 2019!
Feliz 2019!
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