terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Sócio? Assinante?



O dinamismo da sociedade faz também com que o mercado evolua para se adaptar às necessidades que surgem ou são criadas em torno do consumidor. Uma destas “novas” modalidades de comércio é o chamado clube de assinatura, muito impulsionado graças à popularização do e-commerce. A utilização das aspas tem como intuito atentar que, apesar da maior divulgação e estruturação atual do modelo que estaremos discutindo, as assinaturas de produtos já eram disponíveis no passado, vide jornais, revistas e tv a cabo, por exemplo.
As vantagens desta prática para o consumidor englobam a comodidade  de receber o produto em casa, a forma de automática de pagamento, o preço mais em conta e, muitas das vezes, algum tipo de exclusividade.
Já para o fornecedor, os benefícios dizem respeito à fidelização do cliente, visto as receitas serem recorrentes, o que deixa as vendas menos sujeitas aos aspectos relativos à sazonalidade. Nessa mesma linha se consegue uma melhor gestão de estoques, o que se reflete em custos operacionais e financeiros mais reduzidos.
Muitos clubes de futebol e confederações de modalidades olímpicas têm tentado se espelhar nesse modelo para formatarem seus planos de associação, o que não deixa de ser uma iniciativa interessante, já que assim conseguiriam receitas recorrentes. A própria forma de cobrança também guarda fortes semelhanças com os clubes de assinatura, o que também é uma garantia de recebimento.
Todavia, é preciso refletir que o aspecto relativo à comodidade só se faz presente no ato da compra, pois para se usufruir do produto oferecido que é assistir o jogo ao vivo,  obviamente se necessita sair de casa.
Além disso, ter como atrativo principal do programa os descontos que chegam até a 100% nos preços dos ingressos limita a adesão daqueles que moram em outras cidades, isso sem falar do calendário que não é rigidamente cumprido e dessa forma não permite uma programação prévia. Outro problema ocorre em relação aos jogos que são transferidos para outros locais, impactando também o planejamento dos que querem ir aos jogos.
De forma proposital deixei o fator sazonalidade por último, esse, por incrível que possa parecer existe no futebol e não acontece por condições temporais - desculpem a analogia -, mas pelo desempenho esportivo do time. Basta o time ir mal para se cancelar o título de sócio – ou assinatura – sendo a recíproca verdadeira. Em resumo, a paixão exacerbada acaba tendo uma influência enorme no consumo do produto, consumo este que deveria sempre ser executado de forma racional caso fosse realmente algo próximo a um clube de assinatura. 
Diante do exposto, o que podemos inferir é que a comparação com outros modelos de negócio é sempre útil na elaboração de produtos, contudo, é fundamental que cada desenvolvimento tenha como base o conhecimento real do público que se pretende atingir, o que só se consegue com pesquisas bem formatadas e sérias, isto é, que tenham como responsáveis quem realmente entenda do assunto.





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