terça-feira, 9 de abril de 2019

Quem é grande?



Uma tese do jornalista Rodrigo Capelo causou enorme polêmica junto aos torcedores dos clubes de futebol. O ponto central de sua afirmativa era a de que o futebol brasileiro tem atualmente no máximo cinco clubes grandes, baseando essa segmentação na capacidade competitiva das equipes, a qual, por sua vez, é influenciada pelo faturamento dos clubes.
Antes de prosseguir com o debate, convém esclarecer que considero o jornalista em questão como um dos mais, se não o mais preparado do setor, sendo um dos poucos que estuda, pesquisa e que não fica preso a paradigmas ou preocupados em ter espaço na mídia popular, na maioria das vezes sensacionalista e ignorante acerca de temas ligados à gestão. 
Esse reconhecimento não significa que eu esteja de acordo com sua tese, aliás, nesse caso sou radicalmente contrário, devendo ficar claro que a minha contestação não tem relação com o fato de o meu clube ter ficado de fora da relação dos “grandes”, mesmo tendo se sagrado duas vezes campeão brasileiro  nos últimos 9 anos. A propósito neste período apenas quatro clubes conquistaram o citado título.
O que questiono é a definição do que é ser grande, visto existirem milhares de atributos de avaliação em qualquer segmento. Um sujeito grande pode ter essa qualificação em função da altura, do peso, do caráter e de uma série de características que assim o adjetivem. Uma empresa tem essa avaliação devido ao faturamento,  número de colaboradores,  abrangência regional, etc., contudo, todos esses indicadores necessitam de alguma parametrização.   Exemplificando, um cachorro da raça dog alemão é enorme até ser comparado com um elefante.
Entendo a alusão feita à competitividade, mas se seguirmos nessa linha poderemos concluir que não há nenhum time grande no Brasil, pois nenhum deles tem tido projeção reconhecida em campeonatos intercontinentais. 
Já a variável “faturamento” é coerente, sem dúvida, mas de que adianta faturar se o dinheiro não for bem aplicado? Avaliar o EBTIDA, o nível de endividamento e demais indicadores também ajudariam a entender esse mercado, mas não isoladamente. 
Outro fator importante é o tamanho da torcida, desde que, é claro, as pesquisas a respeito utilizem metodologias e amostragens confiáveis.
Como podemos ver, existe uma infinidade de possibilidades e critérios a serem adotados, valendo salientar que o próprio Capelo deixou claro que sua tese era fruto dos critérios que ele considerava pertinentes, ou seja, não se considerou o "dono da verdade" em sua conclusão.
Todavia, penso que em vista dessa gama de variáveis seria necessária a elaboração de uma modelagem que permitisse ponderar cada um dos indicadores e ainda assim surgiriam questionamentos, isso sem falar no tempo que levaria para se testar os modelos. 
Algo bastante complexo para se aplicar numa discussão que, no meu modo de ver, é pouco pragmática.
Dessa forma, minha sugestão é que não se despenda energia tentando segmentar instituições fortemente atreladas à paixão e que os resultados esportivos se encarreguem de proporcionar as devidas classificações aos clubes.
Para concluir, reforço a fala do Capelo acerca do perigo que corre a indústria do futebol com a crescente concentração de receitas, essa sim, digna de  preocupação e carente de estudos que mostrem os indubitáveis grandes riscos envolvidos.






5 comentários:

  1. Muito bem embasado e equilibrado o post acima. Sejamos claros. O gol é o que interessa em uma partida de futebol. E o título é o que se almeja por um clube grande que disputa um Campeonato. Especialmente um Campeonato Brasileiro. Assim, o Fluminense, que conquistou os dois últimos campeonatos brasileiros nacionais entre os times do Rio, é o único grande clube do Estado.

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  2. Muito bem embasado e equilibrado o post acima. Sejamos claros. O gol é o que interessa em uma partida de futebol. E o título é o que se almeja por um clube grande que disputa um Campeonato. Especialmente um Campeonato Brasileiro. Assim, o Fluminense, que conquistou os dois últimos campeonatos brasileiros nacionais entre os times do Rio, é o único grande clube do Estado.

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  3. Idel, achei muito consistente sua argumentação,havia lido a matéria,e
    questionado várias afirmativas.Gostaria de ver publicado na grande mídia para ampliar a discussão.

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  4. Obrigado pelo comentário. A grande mídia jamais publicaria um texto com argumentos que não criassem polêmicas.

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