Para se entender como
se dá o consumo de algum produto ou serviço é necessário estar atento à
resposta de uma pergunta que muitas vezes passa despercebida pelos executivos
de marketing, mas que é de vital importância para a elaboração das estratégias
mercadológicas: quem paga pelo produto/serviço é efetivamente quem o consome?
Há várias situações
nas quais quem usufrui diretamente dos benefícios não é quem paga por ele,
entre elas está o consumo do público infantil que sem ter fonte de receitas
regulares é financiado pelos pais/responsáveis.
Contudo, isso não
significa que eles não tenham caráter decisivo na escolha, ainda que a palavra
final caiba ao responsável.
Desta feita, há dois
grandes objetivos ao se focar esse público: (i) fazer com que ele influencie na
aquisição de algum produto/serviço e (ii) mantê-lo como cliente quando chegar à
idade em que a decisão seja prioritariamente dele.
As empresas de bens
de consumo costumam trabalhar bem com essa faixa etária, já os clubes de
futebol ainda não conseguiram explorar todo o potencial da garotada. A falta de recursos
para serem investidos em pesquisas e a prioridade dada aos resultados de curto
prazo explicam esse cenário.
Entender como e
quando se dá a decisão de se tornar fã de um time é fundamental para o aumento
da base de torcedores, pois de posse dessas informações podem ser formatadas
ações para atrai-los. Todavia, simplesmente trazê-los para se dizerem torcedores serve apenas para computá-los como torcedores de um time, o que influencia
as pesquisas convencionais, mas pouca serventia traz para a geração de receitas
diretas através do consumo, o que pode se dar através da compra de produtos oficias, associação, bilheteria e pay-per-view.
Talvez o fato de as
receitas dos clubes brasileiros terem sua composição fortemente calcada nos
direitos de transmissão faça com que a atenção ao engajamento seja pouco
valorizada. O que é um erro, pois deixa os clubes dependentes de um faturamento
em que pouco – ou nada - podem controlar, além do que, os responsáveis pela
divisão destas receitas se utilizam de critérios que certamente prejudicam a
atratividade da competição e, consequentemente, a maioria dos clubes.
O desenvolvimento de produtos
que propiciem a recorrência de experiências que fidelizem as crianças é
totalmente ignorado, afinal de contas o modelo associativo faz com que os
dirigentes foquem o prazo do seu mandato e enxerguem erroneamente o marketing como
uma área de captação de patrocínios e promoções.
Agindo dessa forma,
os clubes parecem não vislumbrar o risco que correm ao deixar nas mãos dos
resultados esportivos toda esperança do aumento ou, na pior das hipóteses, da manutenção
da sua base de torcedores no futuro. Seria algo, guardadas as devidas
proporções, como uma empresa se satisfazer com a quantidade de clientes que
possui no presente, ignorando que isso não lhe garante receitas no futuro.
Parafraseando Peter
Drucker: “a melhor maneira de prever o futuro é criá-lo”.
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