terça-feira, 16 de julho de 2019

Intrusos nas funções

O aproveitamento e/ou a intromissão de profissionais (?) em funções que pouco ou nada conhecem é, provavelmente, um dos maiores problemas das organizações. Isso ocorre em empresas privadas, familiares, públicas, governo e até em entidades esportivas.
As causas deste tipo de ocorrência podem estar ligadas a nepotismos, protecionismos ou até mesmo à personalidade intrusa dos que se prestam a esse ridículo papel.
Creditar a culpa dessa intromissão unicamente ao intruso não seria justo, pois para a interferência acontecer é necessário o consentimento de alguém que,  por ignorância ou por qualquer outro interesse pouco digno -  aqui se incluem os que se deixam “seduzir” pelos bajuladores - acabam compactuando com leviandade.
Resultados medíocres em função da incompetência dos “escolhidos” - ou intrometidos, como queiram -, e danos à imagem da organização, já que não há como camuflar a atitude rasteira dos envolvidos, costumam ser os produtos destas intromissões.
Deve também ser incluída entre os danos às organizações: a credibilidade em relação à meritocracia, pois quando alguém despreparado, seja pelo aspecto técnico ou pelo comportamental assume uma função cujos requisitos não constam em sua vivência profissional, se passa a clara mensagem de que o cargo não é importante aos olhos de quem decide. Além do que, traz uma enorme desmotivação para os que se prepararam para galgar tais posições.
Ressalte-se que o raciocínio acima desenvolvido diz respeito a funções que demandam conhecimentos específicos, sendo perfeitamente aceitável que para os cargos de alta gerência, o escolhido tenha apenas como skills a capacidade de liderança, o foco no resultado e a humildade para entender que precisa estar cercado por quem domina o assunto. Ah, não podemos esquecer-nos do caráter e da competência para agregar pessoas como parte das características de qualquer grande gestor.
Analisando o mercado, vemos que em empresas privadas de capital aberto o respeito ao currículo é bem mais presente do que nas públicas ou nas que têm a família no comando. Quanto às organizações esportivas, é possível perceber as confederações tentando melhorar os aspectos de governança, enquanto que os clubes, em função do falido modelo associativo, parecem estar numa posição ainda bem embrionária. Por fim, deveria se fazer menção aos órgãos governamentais, porém, como não tenho a devida experiência no setor me eximirei de comentar algo que seria baseado apenas nos noticiários e nas redes sociais, ressaltando que permanecem as opiniões conceituais externadas acima, assim como os votos de que o melhor para uma organização não seja preterido em favor de interesses individuais, quase sempre mesquinhos e frutos de perturbações mal resolvidas.




4 comentários:

  1. Amigo Idel, Concordo com muito do que escreveu, principalmente com as ressalvas. Temos (culturalmente) o hábito de "pensar" que a intenção e boa vontade pode suprir esse conhecimento técnico profissional quando a realidade se torna outra, bem diferente do que a impressão inicial... A busca por resultados rápidos impõe aos "candidatos" ao cargo um enorme risco de insucesso, já que sabemos todos que qualquer trabalho (independente de quem o faça) precisa de tempo para acontecer, e isso NUNCA é uma realidade efetiva. Claro que apostar no "profissional" é sempre a melhor estratégia, desde que este possa ter condições de trabalho na linha profissional e não nos preceitos de "melhor que seja viável"... Valeu meu amigo

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  2. Muito obrigado, seu comentário enriquece o texto.
    Abraço

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  3. Olá Idel, sem entrar na questão dos interesses escusos, acredit oque muito destas indicações ainda se baseiam em um aspecto cultural que ainda permeia nossa sociedade. Aquela coisa de "arrumar uma posição". O mundo mudou, o Brasil cresceu e se sofisticou, mas a cultura da "indicação" ainda persiste. Infelizmente.

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    1. Amigo Pedro!
      Obrigado pelo comentário.
      Eu até entendo as indicações,pois, muitas delas, dependendo de quem indique, podem até reforçar o currículo, visto servirem como uma espécie de atestado.
      O que me incomoda são as "imposições".
      Abraço

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