Não há muito mais o que escrever sobre a carreira de Kobe Bryant, a imprensa e as redes sociais certamente esgotaram o assunto após o trágico acidente.
Há, no entanto, dois pontos que acredito serem dignos de destaque sobre o prisma de marketing e gestão.
Um deles diz respeito ao perfil “trabalhador” do jogador, pois, mesmo sendo portador de um talento raríssimo, tanto que foi galgado à NBA com 18 anos sem sequer ter passado pelo basquete universitário, o atleta nunca abriu mão da dedicação aos treinos e aos jogos.
Talvez pareça uma observação óbvia, afinal de contas a dedicação à atividade que se exerce deveria ser algo usual, mas todos sabem que não é o que acontece na prática, ainda mais com aqueles que conseguem com o talento suprir eventuais “desleixos”.
Poderíamos citar aqui centenas de exemplos de atletas que, apostando no talento, abriram mão do empenho nos treinamentos e desperdiçaram seus potenciais, mas não perderemos tempo com esses, o foco aqui é a lenda Kobe Bryant.
Mais importante até do que o efetivo aproveitamento do binômio “talento + dedicação” é o exemplo que deixou, afinal uma das responsabilidades dos ídolos, se é que não a principal, é servir como modelo para os mais jovens, daí a razão de se exaltar essa característica, infelizmente tão rara.
Nesse ponto, Kobe Bryant exerceu com maestria sua posição, passando por cima de dores e problemas físicos para cumprir seus compromissos.
O segundo ponto a ser exaltado foi o fato de ele ter jogado sempre na mesma equipe, o Los Angeles Lakers, ressaltando que não faço aqui apologia ao “amadorismo romântico” em detrimento ao profissionalismo, ao contrário, acho que muitas vezes o desenvolvimento passa por mudanças de equipe/empresa. O que exalto aqui é a importância de fortalecer a relação e a identidade com um time e dessa forma aumentar sua idolatria perante seus torcedores, além de provocar nos rivais um sentimento de admiração e respeito.
Em sua última temporada, Bryant, convivendo com inúmeros problemas físicos, se poupou de alguns jogos em casa para estar presente no maior número de cidades possíveis e assim poder se despedir de mais fãs. Nessas partidas foi possível notar que até os torcedores rivais o reverenciavam por sua técnica e forma de ser.
Tal postura de lealdade ao time também deveria servir de exemplo para alguns jogadores - e até técnicos - que juram “amor eterno” a alguma equipe e logo depois aparecem exaltando o novo time como se aquele fosse realmente o verdadeiro amor de sua vida. Não percebem que agindo assim conseguem ao mesmo tempo perder a admiração dos torcedores que acreditaram que naquele discurso de falsidade e, sobretudo, despertar a desconfiança dos torcedores do novo time.
Reitero que sou um defensor ferrenho do profissionalismo e, como tal, acredito piamente que a busca por “melhores condições” profissionais deve fazer parte da carreira de todas as pessoas, só chamo a atenção para o fato de que dentro dos atributos incluídos em “melhores condições” está a gratidão àqueles que lhe proporcionaram condições de progredir, ou seja, algumas mudanças podem até trazer mais dinheiro, porém podem manchar a admiração conquistada e gerar desconfianças.
É grande a tentação de terminar o texto por aqui, está muito difícil escrever sobre uma lenda que sempre admirei, todavia o artigo ficaria incompleto se deixasse de registrar outro aspecto que marca a vida do jogador e que deixa ainda mais dolorida a perda: o amor e a dedicação à família. No momento do acidente, Kobe levava sua filha de treze anos para jogar uma partida de basquete, não precisamos dizer que a escolha da menina teve como causa a admiração que nutria pelo seu pai, mais do que um herói, uma lenda para ela.
Sei bem, felizmente, o que é isso.
Sei bem, felizmente, o que é isso.
Fiquem com Deus!
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