terça-feira, 21 de abril de 2020

Substituiu bem?

Nos esportes coletivos é comum ouvir de comentaristas e torcedores a expressão “substituiu bem”, geralmente ela é usada para elogiar os técnicos que executaram a mudança sem a influência de motivações relacionadas a contusões ou desgastes físicos, ou seja, optaram pela mudança por razões estritamente técnicas e/ou táticas.
Essa mesma substituição, tem pelo lado dos “detratores” uma justificativa diferente: a de que o técnico escalou mal e foi obrigado a corrigir o erro posteriormente.
Difícil cravar nesses casos qual é a relação de casualidade, ambas podem estar corretas, dependerá muito da visão conceitual que se tem sobre o assunto, mas posso assegurar que não é correto pender para algum dos lados influenciados por simpatia, torcida ou qualquer outro  interesse que venha contrariar os princípios morais, isso no caso de quem os possui, evidentemente.
Tivemos recentemente uma situação similar no governo federal, na qual o presidente da república demitiu seu ministro da saúde  e, como num passe de mágica, vimos os torcedores do presidente jogarem por terra todo o discurso que construíram acerca da formação do ministério, segundo eles, constituído por “craques”. Bastaram os conflitos entre o presidente e o ministro chegarem às raias do rompimento para que os discursos e os posts com mensagens desconstruindo a outrora tão exaltada capacidade do titular da saúde passassem a habitar as redes sociais.
Sobre a demissão, adianto que minha opinião é calcada na vivência no mercado corporativo, o qual parece ser diferente do que acontece na política. Dentro dessa ótica, penso que a demissão era inevitável e, sem entrar no mérito da qualidade/capacidade do ministro, acho que ela demorou a acontecer.
É absolutamente normal haver divergências de opiniões em qualquer ambiente, sendo salutar que todas as partes sejam ouvidas e ponderadas, contudo, caso não haja um consenso, deve ser adotada a decisão do líder, afinal, os eventuais fracassos serão atribuídos a ele, daí é melhor correr riscos com suas convicções do que com as de terceiros.
Isso não significa que o liderado precise mudar seu juízo, porém, precisa estar alinhado e seguir com as diretrizes que foram definidas pelo líder, caso contrário o pedido de demissão é a alternativa que resta. Fazer por sua conta contrariando o superior é um ato de insubordinação que não deve ser admitido.
Os que estão lendo esse texto devem ter chegado até aqui um pouco confusos sobre o lado que defendo. Em alguns parágrafos podem ter achado que eu era contra o presidente, depois podem ter tido a certeza de que eu era contra as medidas de isolamento.
Para que não restem dúvidas: sou contra o fanatismo imbecil dos que só conseguem ver méritos ou deméritos dependendo da pessoa. Sou a favor, sim, dos que conseguem ver méritos e deméritos em função de atos.
Sobre o isolamento, não tenho conhecimento técnico suficiente para emitir opinião. Prefiro usar o “não sei” a ser visto como um irresponsável que faz afirmações sem base para tal.
Dito isso, fica a dúvida: o presidente escalou mal seu ministério ou substituiu bem? 




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