terça-feira, 2 de junho de 2020

A moda das "lives"


Dando continuidade às análises sobre as mudanças que têm ocorrido no mercado em termos de gestão e marketing no período de pandemia, abordaremos aqui o exponencial crescimento das “lives” – as transmissões ao vivo feitas através da internet.
Essa popularização pode ser facilmente explicada, afinal é bastante usual se copiar casos de sucesso até que a oferta daquele bem ou serviço fique inferior à demanda, o que, aliás, já começa a acontecer com as “lives” mal estruturadas.
O problema do “seguidor” de moda - e até o de tendência - é que ele apela para essa prática sem analisar detalhadamente o mercado, ou seja, nesse caso faz a “live” sobre o assunto que bem entende, sem pensar em objetivos diversos ao de querer "aparecer".
Creio que a reflexão fique mais clara se aplicarmos o conceito dos 4P’s de marketing ao produto em questão.
O produto é a “live”, não há dúvida, mas como esse produto deve ser formatado? Para qual público o conteúdo se destina? O que esse público deseja? Os temas são de interesse deles? Os participantes têm algo a agregar? Há risco de o conteúdo trazer inverdades?
E o tempo de duração do “programa”? Qual a frequência?  Quem modera? 
Todos esses questionamentos devem ser analisados e respondidos com o maior rigor possível, já que eventos ao vivo não costumam admitir falhas, e para piorar, a internet dá perenidade ao que se fala e se mostra.
O preço, nesse momento, é um fator irrelevante, pois quase todas as "lives" são gratuitas, portanto, diferente de um bem de consumo que muitas vezes tem o preço como fator de diferenciação, no mercado “live” todos os concorrentes estão em pé de igualdade. Contudo, vale ressaltar que é de se esperar que no futuro as "lives" venham a se monetizar, seja através da cobrança de valores para assisti-las, seja através de anunciantes. Por isso, o cuidado com o produto deve ser redobrado, sob o risco de se chamuscar na largada.
Sobre o P de ponto, ou distribuição, seria de se esperar que estivéssemos nos referindo à forma de como o conteúdo chega ao cliente, o que no caso da “live” não faz muito sentido, pois a internet é a essência do produto. Dessa feita, o que se pode discutir em termos de distribuição é a disponibilidade da "live" sob o prisma de horário. Exemplificando: colocar para executivos um evento em pleno horário de expediente não parece ser uma boa ideia, da mesma forma que não será a de colocar para tarde da noite algum conteúdo voltado para atletas.
Em visto disso, o entendimento dos hábitos do público-alvo tem fundamental importância.
Por fim chegamos ao P da promoção, que diz respeito à divulgação do produto.
Hoje essa tem sido feita basicamente com banners que são enviados para as redes sociais e grupos de WhatsApp, quase sempre com as fotos dos participantes e com chamadas pouco atrativas que não concedem nenhum diferencial ao produto, a menos que os nomes envolvidos sejam reconhecidos como referências no assunto e que não tenham participado de outros eventos nessa plataforma sobre o mesmo tema.


Não creio que o ciclo de vida desse produto chegue ao declínio no fim da quarentena, ao contrário, acho que lá ele entrará na fase de crescimento.Talvez caiba aqui uma ponderação contrapondo que a atual fase é a de crescimento, o que faz sentido se considerarmos a “pandemia” de "lives" sobre os mais variados temas e a quantidade enorme de concorrentes. Porém, por estar longe de propiciar lucratividade e a aceitação do produto ainda carecer de um melhor planejamento, tendo a concluir que a fase atual é de introdução.
Enfim, pouco importa a definição exata da fase, o que se pretende com o artigo é mostrar que até o mais simples e acessível produto precisa de planejamento e de uma visão de marketing para se destacar no mercado.




2 comentários:

  1. Muito bacana a sua análise. Não adianta fazer por fazer...tem que ter um objetivo bem definido, traçar metas e ter um perfil específico.

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