Dando
continuidade às análises sobre as mudanças que têm ocorrido no mercado em
termos de gestão e marketing no período de pandemia, abordaremos aqui o
exponencial crescimento das “lives” – as transmissões ao vivo feitas através da
internet.
Essa
popularização pode ser facilmente explicada, afinal é bastante usual se copiar
casos de sucesso até que a oferta daquele bem ou
serviço fique inferior à demanda, o que, aliás, já começa a acontecer com as
“lives” mal estruturadas.
O problema
do “seguidor” de moda - e até o de tendência - é que ele apela para essa prática sem analisar detalhadamente o mercado, ou
seja, nesse caso faz a “live” sobre o assunto que bem entende, sem pensar em objetivos diversos ao de querer "aparecer".
Creio que a
reflexão fique mais clara se aplicarmos o conceito dos 4P’s de marketing ao
produto em questão.
O produto é
a “live”, não há dúvida, mas como esse produto deve ser formatado? Para qual
público o conteúdo se destina? O que esse público deseja? Os temas são de
interesse deles? Os participantes têm algo a agregar? Há risco de o conteúdo
trazer inverdades?
E o tempo de
duração do “programa”? Qual a frequência? Quem modera?
Todos esses
questionamentos devem ser analisados e respondidos com o maior rigor possível,
já que eventos ao vivo não costumam admitir falhas, e para piorar, a internet dá
perenidade ao que se fala e se mostra.
O preço,
nesse momento, é um fator irrelevante, pois quase todas as "lives" são gratuitas,
portanto, diferente de um bem de consumo que muitas vezes tem o preço como
fator de diferenciação, no mercado “live” todos os concorrentes estão em pé de
igualdade. Contudo, vale ressaltar que é de se esperar que no futuro as "lives" venham a se monetizar, seja através da cobrança de valores para assisti-las, seja
através de anunciantes. Por isso, o cuidado com o produto deve ser redobrado,
sob o risco de se chamuscar na largada.
Sobre o P de
ponto, ou distribuição, seria de se esperar que estivéssemos nos referindo à forma
de como o conteúdo chega ao cliente, o que no caso da “live” não faz muito
sentido, pois a internet é a essência do produto. Dessa feita, o que se pode
discutir em termos de distribuição é a disponibilidade da "live" sob o prisma de
horário. Exemplificando: colocar para executivos um evento em pleno horário de
expediente não parece ser uma boa ideia, da mesma forma que não será a de colocar para tarde
da noite algum conteúdo voltado para atletas.
Em visto
disso, o entendimento dos hábitos do público-alvo tem fundamental importância.
Por fim chegamos ao P da promoção, que diz respeito à
divulgação do produto.
Hoje essa tem sido feita basicamente com banners que são enviados para as redes sociais e grupos de WhatsApp, quase sempre com as fotos dos participantes e com chamadas pouco atrativas que não concedem nenhum diferencial ao produto, a menos que os nomes envolvidos sejam reconhecidos como referências no assunto e que não tenham participado de outros eventos nessa plataforma sobre o mesmo tema.
Não creio que o ciclo de vida desse produto chegue ao
declínio no fim da quarentena, ao contrário, acho que lá ele entrará na fase de
crescimento.Talvez caiba aqui uma ponderação contrapondo que a atual fase é a de
crescimento, o que faz sentido se considerarmos a “pandemia” de "lives" sobre os
mais variados temas e a quantidade enorme de concorrentes. Porém, por estar longe de propiciar lucratividade
e a aceitação do produto ainda carecer de um melhor planejamento, tendo a concluir que a fase atual é de introdução.
Enfim, pouco importa a definição exata da fase, o que se pretende com o artigo é mostrar que até o mais simples e acessível produto precisa de planejamento e de uma visão de marketing para se destacar no mercado.
Enfim, pouco importa a definição exata da fase, o que se pretende com o artigo é mostrar que até o mais simples e acessível produto precisa de planejamento e de uma visão de marketing para se destacar no mercado.
Muito bacana a sua análise. Não adianta fazer por fazer...tem que ter um objetivo bem definido, traçar metas e ter um perfil específico.
ResponderExcluirObrigado, Christian!
ExcluirConcordo com vc.
Abs