Após anos tentando
comercializar os direitos do nome (naming rights) para sua arena, o Corinthians, enfim,
acertou com a Neo Química.
Por se tratar de uma
opção de investimento ainda pouco presente em nosso país, fica difícil
estabelecer um parâmetro seguro de avaliação no tocante aos valores e aos
benefícios envolvidos na operação.
Primeiramente é
importante registrar que, se feito de forma criteriosa, o processo de precificação é algo extremamente
difícil. No presente caso, então, por não se tratar de
um ativo que precise mandatoriamente ser remunerado por esse tipo de receita, os
custos e respectiva margem não são fatores tão determinantes para se
estabelecer o valor de forma irrefutável. Assim, a comparação com outras oportunidades
de patrocínio parece ser o mais adequado, lembrando que não há um histórico
robusto de operações de naming rights no país, o que faz com que a
parametrização precise contemplar outras opções que o mercado oferece, principalmente em
termos de exposição da marca.
Alertando que considerar a exposição da marca como a única forma de retorno se constitui num
erro crasso, pois dessa forma se despreza os demais benefícios relacionados à ativação
do patrocínio, comercialização de produtos e associação da marca a diversos
valores, além de não se ter a certeza de quanto será o retorno de
mídia espontânea.
Será que os veículos de mídia falarão o nome? Quanto tempo demorará
para o nome entrar no “idioma” do público?
Nesse momento não é prudente arriscar sobre qual será a postura dos veículos de mídia, talvez os que se recusavam no passado a
falar o nome dos patrocinadores tenham se conscientizado de que “não falar” prejudica a eles
próprios, dado que a “sonegação” ao nome pode afastar as empresas do esporte
e, consequentemente, impedir os clubes de contratarem e reterem bons jogadores
de forma financeiramente responsável. Dentro dessa cadeia “produtiva”, um
conteúdo com menor qualidade é, por sua vez, menos atrativo em termos de
audiência, variável de suma importância para os anunciantes e fonte de receita dos veículos.
Sobre a inserção do
nome nas conversas, creio que seja um processo rápido, pois, várias marcas já
mudaram de nome e passaram a ser incorporadas ao vocabulário dos consumidores.
Muitas dessas, aliás, com um poder de comunicação e penetração inferior ao de
uma arena esportiva.
Diante das incertezas
listadas, beira às raias da irresponsabilidade afirmar peremptoriamente que
tenha sido um bom ou um mau negócio para qualquer uma das partes. Até porque, para ser
taxativo em relação à decisão da empresa, seria necessário ter acesso aos
objetivos e ao planejamento estratégico da marca.
Vale reconhecer que a Hypera Pharma, dona da Neo Química e de tantas outras, foi bastante feliz na escolha da marca que batizará o estádio, visto ser uma oportunidade de se destacar no mercado onde atua, o de medicamentos genéricos, onde as marcas pouco se diferem em termos de
posicionamento mercadológico e a fidelidade é pequena.
Cabe, no entanto, uma
pequena provocação em relação à palavra “Química”, dado haver uma preocupação de muitas marcas no que diz respeito à utilização de nomes que possam
trazer algum tipo de conotação nociva. Ilustram essa tendência: a Dow, que evita
incorporar a palavra “chemical” em ações de cunho mercadológico e a KFC que ao longo tempo vem
mudando sua identidade, de forma que a palavra “fried” (frito), ainda que contida no
nome, não apareça de forma explícita.
Já para o clube o negócio parece ter sido muito bom. Ajuda nessa conclusão a ciência acerca do
longo período que a arena passou sem conseguir fechar esse tipo de negociação, o
que é um considerável indício da complexidade da operação.
O risco, nesse caso,
fica restrito a um eventual movimento de valorização desse tipo de patrocínio,
o que poderia deixar as cifras atuais defasadas, porém não acredito, já que para isso acontecer seria necessário um amadurecimento muito veloz do mercado de
patrocínios esportivos, o qual não aconteceu nem na época dos mega eventos, mas que é o desejo de todos que acreditam na importância do esporte.
Muito bom.
ResponderExcluirObrigado, Xico!
ExcluirAbraço
Você acha que Estádio Neo, emplacaria?
ExcluirAcho que sim!
ExcluirPerfeito Idel, muito bom ! Obrigado por mais um texto de alto nível!
ResponderExcluirEu que agradeço o comentário
ExcluirExcelente análise Idel! Vamos torcer para que a novidade em nossas terras frutifique contemplando os envolvidos.
ResponderExcluirGrande Mestre!
ResponderExcluirMuito obrigado, estamos na torcida.
Abraço