terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Basta o produto ser bom...

Basta o produto ser bom que ele vende! 
Quantas vezes já ouvimos ou pensamos nesta frase? Certamente várias, porém, concordar com ela equivale a ignorar os mais básicos conceitos de marketing.
Nos idos de 2012 foi criada uma companhia aérea na Islândia chamada WOW Air, cuja proposta era ser uma empresa líder em preços, os quais seriam mais competitivos em função da otimização de custos obtida através da opção de se utilizar apenas um modelo de aeronave, reduzindo assim as despesas relativas a leasing, manutenção e tripulação, entre outras.
Pois bem, a redução de custos não se mostrou suficiente para a prática de preços significativamente mais baixos, o que fez com que em 2019 a empresa encerrasse sua operação. 
Na sequência dessa experiência surgiu a MOM Air, na verdade um nome oriundo da inversão da marca que citamos acima. A proposta era basicamente a mesma, acrescida da cobrança de vários itens, muitos dos quais impensáveis, tais como: tomada para carregar aparelhos telefônicos, papel higiênico, sabão e até coletes salva vidas, além dos já tradicionais neste setor de low cost: escolha de assentos, bagagem e comida. 
Através destas medidas, o preço de uma passagem Reykjavik-Londres girou em torno de 9.999 coroas islandesas, o equivalente a R$ 400, sendo que os concorrentes, incluindo outras empresas de low cost, marcavam seus preços numa faixa entre R$ 470 e R$ 1.200 – valores pré-pandemia.
Uma campanha baseada em releases enviados aos meios de comunicação e um bom site geraram um elevado número de acessos às suas redes sociais e a reserva de seis mil passagens. Um sucesso!
Só faltou acrescentar um detalhe: a empresa não existia e o dito CEO estava na verdade fazendo um experimento social para avaliar a influência do marketing. Ressalve-se que nenhum dos “passageiros” teve qualquer tipo de prejuízo, exceto a frustração de não conseguir realizar a compra, nem viajar em condições "tão vantajosas".
Várias lições podemos tirar do experimento, entre elas citamos: 
(i) a importância do preço como fator de escolha;
(ii) tanto a imprensa  tradicional como a digital exercem forte influência na divulgação dos fatos, daí a importância de uma boa assessoria de comunicação; 
(iii) um site bem estruturado é capaz de passar credibilidade até a produtos que pareçam irreais; 
(iv) os nichos de mercado, desde que bem avaliados, podem se tornar soluções para empresas, principalmente as entrantes; 
(v) qualquer produto para se ter sucesso precisa de marketing, é ele que faz o que é bom ser reconhecido como tal.
Antes de finalizar o artigo, devo confessar que fiquei bastante em dúvida a respeito de sua publicação, tive receio de que o texto pudesse servir de combustível para os que associam o marketing à mentira. Receio justificado por inúmeras declarações tolas e que pode ser ilustrado por uma entrevista publicada  em uma revista de grande circulação especializada em negócios, onde a primeira pergunta feita na entrevista com economista Pavan Sukhdev foi: “a movimentação do mercado financeiro em direção à economia verde é verdadeira ou marketing?” 
Pois é...
A decisão de seguir em frente se deveu ao fato de a proposta do blog ser voltada também ao esclarecimento do que efetivamente é marketing. Vamos tentando.





2 comentários:

  1. Parabéns Idel! Teu artigo nos ajuda a entender e utilizar alguns conceitos do marketing.

    ResponderExcluir
  2. Grande Mestre
    Fico honrado com seu comentário.
    Abraço

    ResponderExcluir