terça-feira, 26 de outubro de 2021

Marcas regionais



Ainda acerca do estudo publicado pela Jambo Sport Business a respeito das marcas esportivas fornecedoras de uniformes dos clubes de futebol - https://www.linkedin.com/posts/halfen_marcas-esportivas-nas-20-ligas-mais-valiosas-activity-6852310070219337729-m7oJ - há um tema cuja análise pode ser bem útil para entender esse mercado e a influência da conjuntura econômica sobre ele: as marcas regionais, que são aquelas cuja presença está restrita aos times localizados no mesmo país de sua operação, valendo ressaltar que essa condição não é definitiva, ou seja, as marcas podem expandir seus “territórios” ao longo do tempo.
No estudo supracitado, identificamos vinte e seis marcas regionais distribuídas por dez dos vinte países da amostra. Os países com mais marcas regionais são: Colômbia (nove), Argentina (quatro) e México (três), países onde as três grandes marcas globais somadas (Nike, Adidas e Puma) têm a participação de 20%, 15% e 27,8% respectivamente.
Se optarmos por incluir as marcas próprias, o que faz sentido visto a similaridade em termos de abrangência territorial, podemos incluir o Brasil nessa relação com seis marcas – uma regional e cinco próprias.
Diante desses números, vale buscar entender as razões de haver uma maior concentração destas marcas em alguns países.
Primeiramente, é preciso esclarecer que as grandes marcas vêm ao longo do tempo revendo suas políticas de investimentos. Se no passado a exposição da marca era um fator extremamente valorizado, o qual muitas vezes implicava em contratos que não eram tão rentáveis, hoje a busca por receitas diretas, através das vendas de produtos licenciados, tem peso fortíssimo nas renovações e na prospecção por clubes para “patrocinarem”.
Nesse cenário, os países com rendas familiares maiores teriam, em tese, maior potencial de consumo e, consequentemente, atrairiam as maiores marcas, restando aos países “menos favorecidos” a solução das marcas regionais ou próprias.
Para testar essa hipótese, utilizamos como fonte o OECD Better Life Index, de onde coletamos os indicadores relativos ao “household net adjusted disposable income” – renda disponível líquida ajustada das famílias. O citado relatório traz os dados de quarenta países, sendo que entre eles estão dezesseis da amostra do nosso estudo, dentre esses os piores índices pertencem ao México, Brasil e Colômbia, três dos quatro dos países com mais marcas regionais. O quarto seria a Argentina, que não consta da amostra, mas, segundo dados do CEIC DATA, tem renda similar aos três citados.
Essa correlação confirma a tese de que o fenômeno de marcas regionais/próprias é função basicamente do potencial de consumo da população, variável que tem pautado a movimentação das marcas mais consolidadas. A propósito, corrobora para essa conclusão o somatório das marcas globais na Europa e na América do Sul, pois, enquanto no velho continente elas estão em 43,8% das equipes, aqui é apenas 21,1%.
Tal condição, evidentemente, se transforma num círculo vicioso, pois menor consumo implica em menores receitas para os clubes, o que se reflete na qualidade técnica e, consequentemente, na atratividade perante às empresas de broadcasting, patrocinadores e torcida.
Apesar de todo esse racional estar voltado ao fornecimento de uniformes, conceitualmente é possível concluir que a economia dos países tem influência substancial nas finanças dos clubes.






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