terça-feira, 5 de outubro de 2021

A narrativa da diversidade

Numa sociedade cada vez mais polarizada, a palavra “narrativa” acabou se tornando uma espécie de sinônimo de ficção, de algo imaginário. Contudo, ainda que tal utilização também esteja correta, ela acaba distorcendo o seu uso na medida em que deixa de ser adotada como relato de um acontecimento real. Analogamente, lembra o marketing, que virou sinônimo de comunicação para parte considerável da população.
E a diversidade? Onde ela entra nesse artigo?
Pois é, quanto a importância da diversidade não cabe o menor tipo de discussão, ela é fundamental para os avanços da sociedade.
Mas será que a diversidade tem recebido realmente a devida importância ou passou a fazer parte dos discursos, noticiários e iniciativas para transmitir uma suposta imagem de “politicamente correto”.
Peguemos como ilustração as empresas que estabelecem uma espécie política de cotas para o preenchimento de algumas vagas. Trata-se de uma decisão polêmica, os que se insurgem contra alegam que a competência e a qualidade do candidato é que devem permear os processos de contratação, argumento corretíssimo, porém, no caso de equivalência entre os candidatos, privilegiar a diversidade pode ser um fator interessante de decisão.
Antes que protestem contra uma eventual injustiça em relação ao “preterido”, alegando que esse não deveria ser penalizado por pertencer a grupos majoritários - argumento também legítimo - , vale ressaltar que o incentivo à diversidade traz também como proposta a aquisição de conhecimento das realidades dos diversos públicos, o que para as empresas é de extrema valia tanto para a definição de diretrizes internas como também para se posicionar no mercado.
Portanto, as justificativas ao incentivo à diversidade não deixam dúvidas da sua importância, porém, precisamos descer nossa análise para a efetiva aplicação do conceito, já que o que vemos hoje em dia são empresas “incluindo” pessoas por etnias, por gênero, por orientação sexual ou por algum tipo de deficiência, mas abdicando de faixa etária, aliás, pior, fazendo com que a idade seja um fator de eliminação em processos seletivos.
Ora, ainda que a idade biológica viesse a implicar em problemas de performance, o que definitivamente não é o caso, a visão dos mais e dos menos experientes certamente contribuem para o intuito de se obter um conhecimento mais abrangente do mercado. 
É importante esclarecer que o objetivo do texto não é preconizar a “inclusão” de colaboradores em função de suas idades, isso não faz o menor sentido, a ideia do artigo é mostrar que muitas das empresas que alardeiam o apoio à diversidade, agem de forma preconceituosa em relação à idade dos candidatos, deixando evidente que o lado “bonito” e a causa encampada não passam de “narrativas”, no sentido fantasioso da palavra, e que o preconceito, mesmo que disfarçado, está inserido na sua essência.






2 comentários:

  1. Defendem e pregam a diversidade do visual, mas a diversidade de pensamento (que é o que enriquece as discussões) não importa. Ou melhor preferem igualdade de pensamento desde que se tenha um de cada cor e ou gnero.

    ResponderExcluir