terça-feira, 21 de dezembro de 2021

Quem vem? Quem vai?

 

Ao fim de cada temporada esportiva, o mercado de compra e venda de jogadores se aquece, pois, além das efetivas contratações, as especulações tomam conta dos noticiários e com elas as críticas e exercícios de futurologia.
Profetas, ah como eles brotam, expressam todos os seus “conhecimentos e poderes preditivos”, protegidos pelo esquecimento natural dos seus interlocutores.
Nesse tipo de exercício quem não consegue ficar impune são os clubes, já que as consequências de suas escolhas são bastante impactantes. Eventuais erros são lembrados a qualquer insucesso, mesmo que este não tenha relação com a escolha.
A favor dos times, podemos citar que as plataformas de avaliação – scouting – estão cada vez mais desenvolvidas e tenderiam a minimizar os erros nas contratações. A utilização do futuro do pretérito nesse caso tem como intuito ressaltar que existem outras variáveis a serem consideradas visando não apenas o ato de contratar, mas também os impactos de tal movimento no contexto do planejamento estratégico.
Guardadas as devidas proporções, esses softwares de scouting lembram um pouco aqueles de recrutamento que estão sendo usados por algumas empresas, cujos resultados ficam extremamente sensíveis a algoritmos e “filtros”, não contemplando atributos que certamente têm importância fundamental – positiva ou negativa – no ambiente organizacional.
Mas voltando ao esporte, iremos enumerar a seguir quatro variáveis –  algumas aplicáveis ao universo corporativo – que contribuiriam para a assertividade das contratações:
- Retorno financeiro - trata-se da avaliação quanto ao retorno do investimento feito na contratação de um jogador, seja em termos do que foi gasto para trazê-lo como de salários pagos. Aqui se considera como retorno não apenas a possibilidade de comercializar o jogador no futuro, mas também os ganhos com patrocínios, premiações por desempenho e engajamento de torcedores. 
- Contribuição para o ambiente – assim como acontece nas empresas, o clima organizacional tem se mostrado uma ferramenta eficaz para a obtenção de bons resultados. A expressão “o time está fechado” é a melhor tradução para essa condição, pois explicita que o objetivo de todos é o mesmo, sem espaço para individualidades. 
- Formação de jovens – por mais qualidade que os jogadores da base demonstrem naquele ambiente, a subida para o elenco profissional é quase sempre complexa por fatores como medos e deslumbramentos, que podem ser atenuados em função das lideranças presentes no time de cima. Daí a importância de contratar bons líderes.
- Planejamento de médio e longo prazo – as divisões de base dos clubes precisam ser vistas como uma fábrica produtora de jogadores que proporcionarão resultados esportivos e/ou financeiros. Dessa forma, há que se acompanhar o ciclo de vida dos jovens, isto é, planejar sua carreira para que apareçam para o mercado em uma idade que lhes proporcionem a devida valorização, não sendo recomendável assim que se contratem jogadores que joguem na posição “dessas joias”, o que pode fazer com que essas se percam em bancos de reservas ou ostracismos.
É claro que quantificar uma escala de valores e o devido peso para cada uma dessas variáveis é extremamente difícil, e por que não dizer impossível, contudo, deixar de considerá-las nas decisões, é desprezar a importância de se gerir com responsabilidade e tecnicismo.






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