terça-feira, 23 de agosto de 2022

Modismo como argumento

Estar na moda significa seguir um comportamento adotado pela maioria das pessoas, definição que é corroborada através da estatística, onde o termo “moda” faz referência ao valor mais frequente de uma dada amostra. 
Quando se trata de escolher uma forma de vestir é até mais seguro seguir a maioria, pois, mesmo que as peças utilizadas tenham uma estética discutível, elas fazem parte de um contexto onde o certo e o errado não passam de julgamentos subjetivos, muitos dos quais sem explicações lógicas.
Contudo, a opção de “seguir a maioria” nem sempre é a melhor opção quando se trata de investimentos. 
Quem não se lembra da febre das iogurterias quando se encontravam uma dessas lojas em cada esquina. Por mais que fosse um produto atrativo, acabou saturado pela enorme oferta. Muito provavelmente aqueles que investiram na iniciativa, fizeram acreditando se tratar de algo promissor, afinal muita gente estava aderindo.
No meio corporativo, a situação chega às raias do hilário quando se vê organogramas abrigando posições, em tese, da moda, mas cujas funções não guardam a menor relação com o significado da disciplina. 
Poucas empresas nos dias de hoje abdicam da posição de marketing em sua estrutura, contudo, da grande maioria que ostenta a “caixa de marketing”, poucas a utilizam na essência de sua definição. A propósito, vale citar o aparecimento de outra função, a de “growth”, ainda pouco incorporada, mas que em breve virará moda nos organogramas e, assim como o marketing, não será explorada na sua magnitude.
Exemplos que ilustram as consequências dos “modimos” não faltam, mas para não nos estendermos em outras vertentes, vamos falar agora de futebol, mais precisamente do movimento que os clubes brasileiros fizeram na busca por um técnico estrangeiro.
Sim, os resultados obtidos por um treinador português quando dirigia o atual vice-campeão carioca levou à conclusão de que os profissionais brasileiros se encontravam num patamar inferior, desencadeando assim uma busca desenfreada por técnicos estrangeiros. 
O processo seletivo, se é assim que podemos nos referir às contratações, passou a adotar como requisito a nacionalidade do profissional.
Claro que a experiência em mercados mais “maduros” no tocante a planejamento e estrutura se constitui num diferencial, porém resumir as escolhas simplesmente a isso é errado, pois negligencia as demais características tanto do treinador como das instituições e do próprio campeonato.
Como as expectativas ficaram distantes da realidade, a certeza absoluta do sucesso em função da nacionalidade vem se acabando, o que era de se esperar, todavia, há o risco de se incorporar uma nova certeza: a de que técnicos brasileiros é que resolvem. Outro erro, desculpem. 
Enquanto os clubes ficarem procurando “fórmulas mágicas e infalíveis” ao invés de desenvolverem um processo bem elaborado para análise de recursos humanos, o modismo acabará prevalecendo até como forma de “terceirização de erros”, visto bastar usar o exemplo de outro clube para justificar a contratação que não deu certo.
Em tempo, é preciso dizer que critérios de escolhas perfeitos não existem, mas quanto mais científicos, menor a chance de se cometer equívocos.





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