Com o surgimento do comércio eletrônico e o crescimento de grandes empresas do setor, muitas pessoas, inclusive supostos gurus em gestão, vaticinaram que as lojas físicas iriam acabar.
Na pandemia, então, a previsão se tonou uma verdade absoluta.
Gráficos e rankings comparativos com a evolução do número de lojas realmente mostravam queda em alguns setores, porém, desprezavam as situações de fusões e aquisições que impactavam esses números.
As argumentações contrárias que evocavam a necessidade de integração entre canais (omnichannel) e a importância da loja física como fator de fundamental importância para a distribuição, exposição e experiência do cliente eram solenemente ignorados sabe-se lá por qual razão. Não cabe aqui especular.
Hoje, além do silêncio dos futurólogos, é possível notar um movimento das marcas pelo que chamam de share of life, que seria a participação de tempo que as pessoas dedicam a algo.
Uma competição talvez até mais difícil do que a que se trava pelo mercado (share of market) e pelo orçamento (share of wallet), já que o tempo é inexorável, são sempre 24 horas por dia.
Daí a busca não apenas pela atenção, mas também por manter o cliente mais tempo nas lojas e shoppings, pois, dessa forma se aumenta a probabilidade dele consumir e gerar receita para os estabelecimentos.
Antes de passarmos para alguns exemplos que comprovam essa tendência, vale destacar que a citada busca por manter o cliente no ponto físico precisa considerar aspectos ligados à lucratividade e à precificação. Essa observação se faz importante, pois há negócios como restaurantes fast food, por exemplo, onde o “giro” do consumidor é condição vital para os resultados operacionais.
Feita a observação, citaremos a seguir algumas marcas atentas à disputa pelo share of live:
- A Lululemon, varejista de origem canadense de roupas esportivas, está disponibilizando aulas de yoga em algumas de suas lojas.
- No segmento de brinquedos, a Camp aproveita a área de suas lojas para festas de aniversário e cursos para crianças. Cerca de 40% de suas receitas já advém de serviços.
- No setor de beleza, a Ulta Beauty instalou salões de beleza nas lojas.
- A Starbucks Reserve do Empire State em Nova York oferece salas de reuniões que comportam até telas de projeções para os clientes.
São inúmeros os exemplos, poderíamos incluir entre eles os supermercados, livrarias e lojas de departamento, entre outros, que incorporaram restaurantes e cafeterias em seus espaços.
Ainda que a adesão a esse movimento esteja se dando mais fortemente nos dias atuais, devemos lembrar que no passado algo parecido ocorreu no setor de combustível, no qual os postos de gasolina se transformaram em postos de serviços com a incorporação de lojas de conveniência, negócios complementares e outras funcionalidades como troca de óleo.
Dito isso, alertamos para que os ávidos por “previsões” não venham a decretar o fim do e-commerce como plataforma de polêmica.
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