O questionamento que dá título ao artigo é o começo de uma nova polarização que em breve estará ainda mais presente em diversos círculos de conversas. Um lado defendendo o campo de grama sintética, alegando maior durabilidade, o que é correto, enquanto outro lado atacará a citada superfície acusando-a de ser responsável por um maior número de contusões.
A propósito, como a maioria das discussões atuais, as partes não se aprofundarão no tema, mas proferirão “verdades incontestáveis”. Acrescento que alguns se pautarão em estudos até bem elaborados, mas que não serão conclusivos, não obstante a argumentação enfática por parte dos "defensores" de cada lado.
Tive a oportunidade de ler dois materiais muito interessantes e com alto teor científico, isto é, com boas metodologias, amostragens aceitáveis e bem detalhadas. Cada um concluindo que a grama do vizinho é pior.
Na verdade, ambos os estudos deixam de contemplar a superfície onde os atletas treinam, os desgastes acumulados, a carga de treinamento, os equipamentos utilizados e a constituição genética dos atletas, entre outros. Óbvio que a inclusão de todas essas variáveis deixaria os estudos extremamente complexos, até porque necessitaria de se ponderar cada uma delas, o que, certamente daria margem a contestações.
Isso significa que não é possível concluir?
Pois é, provavelmente qualquer conclusão estará sujeita a indagações cujas respostas não darão a assertividade necessária.
O exemplo do gramado, por mais que tenha sua importância dado o crescente número de estádios que estão aderindo ao artificial, serve aqui para jogarmos luz nas fragilidades encontradas nos mais diversos tipos de análises, o que não necessariamente guarda relação com algum tipo de manipulação, ainda que elas existam.
Penso que, na maioria das vezes, a preguiça de minerar dados, aditivada pela ignorância a respeito, seja a responsável por essa espécie de superficialidade.
Qual área comercial nunca foi cobrada por uma queda nas vendas? Qual delas mostrou de forma embasada o comportamento daquele setor? Qual delas apresentou um estudo de elasticidade? Qual delas solicitou ao departamento de inteligência de mercado algum estudo comparando as compras dos clientes nos últimos meses, índices de positivação e demais indicadores que ajudassem a entender as razões dos resultados?
Também não surpreenderia tomar ciência que, no caso do aumento de vendas, houvesse certo desinteresse na detecção das causas.
Falta tempo para isso! Falta recurso para isso! São afirmações que procedem, pois, de fato, no curto prazo a análise de indicadores acaba sendo preterida em relação à busca por receitas imediatas. Todavia, se houvesse investimento e, principalmente, crença na sua utilidade, as chances de crescimento sustentável dos resultados seriam muito maiores.
Parecem preferir o “achismo” ou o estudo superficial como base para suas decisões, assim como temos os que preferem algum tipo de gramado pinçando estudos que lhes deem razão.
Muito boa introdução sobre os métodos de análise. Contudo como destacado, não foi feita uma conclusão sobre os dois tipos de piso. Um bom paralelo é o tênis onde existem torneios em saibro e quadra dura. E os grandes tenistas disputam em ambas sem se queixar. Mas só são dois posso bem estruturados. E os campos de futebol esburacados e mal conservados? Os atletas vão ter que se preparar para todas as adversidades? Acho que algum tipo de supervisão pelas as utoeidades esportivas deve ser feira para avaliar e dar notas a campos imprestáveis pô ara o jogo. Assunto complexo face a política no futebol. Mas alguma classificação das quadras deveria ser elaborada.
ResponderExcluirObrigado pelo comentário.
ExcluirA falta de conclusão foi proposital, pois creio que mais importante do que o piso em si é a qualidade do mesmo.
Há, no entanto, um aspecto econômico que não deve ser negligenciado: para se pagar os altos salários dos jogadores, há a necessidade de um número maior de jogos, assim como de eventos nas arenas, atividades que certamente prejudicam o gramado natural. Todavia, esses próprios jogadores se rebelam contra o sintético, se esquecendo da necessidade de receitas.
Sua colocação sobre os pisos das quadras de tênis é ótima e pode ser derivada para outras modalidades esportivas em que há diversidade de características.
Em tempo, prefiro o gramado natural, mas insisto que a discussão deve envolver estudos que contemplem boas bases amostrais e aspectos econômicos.