segunda-feira, 21 de abril de 2025

Um Papa chamado Francisco

Escrever sobre o Papa num blog que tem como intuito falar sobre marketing, gestão e esporte poder ser considerado uma tarefa complicada, ainda mais logo após seu falecimento que muito tristeza nos traz.
Porém, se tratando de Francisco, posso garantir que é bem fácil.
Antes de abordarmos os três tópicos que regem a linha editorial do blog, vale relatar que a adoção do nome Francisco, já que o nome original de batismo é Jorge Bergoglio, foi fruto de uma escolha que tem como referência São Francisco de Assis, Santo que viveu entre o final do século 11 e início do século 12, cuja humildade, simplicidade e amor aos animais eram algumas das suas características marcantes.
Como quase todos os argentinos, o Papa era um amante do futebol e torcedor fervoroso do San Lorenzo de Almagro, clube de Buenos Aires que possui forte relação com as camadas mais populares. Campeão da Libertadores em 2004, é considerado um símbolo de resistência e identidade com a cultura portenha. A luta de sua torcida para voltar ao bairro de Boedo, é digna de toda admiração, pois seu estádio, o Gasómetro*, havia sido desapropriado pela ditadura militar.
Ainda sobre o esporte, algumas curiosidades: o jogador Narciso Doval, artilheiro do Fluminense, foi revelado no clube de Almagro. E por falar em artilheiro, o primeiro gol de Germán Cano como profissional ocorreu quando jogava pelo Lanús justamente contra o San Lorenzo. 
Quanto ao marketing, podemos citar as diversas ações promovidas pelo clube tendo o sumo pontífice como figura central. 
Camisas com mensagens do tipo "Papa Francisco: Rezamos por ti, reza por nós", a visita dos jogadores ao Vaticano gerando assim visibilidade e imagem positiva e as viagens do ônibus do clube, o cuervomovil, para percorrer o país visando a captação de novos sócios são algumas das ações que, aproveitando a simpatia e o carisma do Papa, ajudaram o clube tanto em termos de incremento de receitas, como de popularização e fortalecimento da marca.
Já no que tange à gestão, muitos dos seus feitos não tiveram a devida divulgação, dentre esses chamo a atenção para a recuperação econômica e financeira que teve como base a reforma das estruturas da Cúria e o fechamento de mais de 5.000 contas suspeitas no banco do Vaticano, visando combater a lavagem de dinheiro.
A busca por trazer fiéis e resgatar os que abandonaram a igreja católica em função de tabus radicais que não acompanharam a evolução da sociedade e os que se decepcionaram com os atos abomináveis de alguns padres, foram a tônica de seu “mandato”, juntamente com o combate à pobreza.
Muito mais poderia ser feito, alegam os críticos, talvez se esquecendo que reformas exigem tempo e negociação.
Uma de suas frases sobre a Igreja, retrata perfeitamente sua visão sobre o papel dela: A igreja é um hospital de campanha, não um posto alfandegário, que separa os bons e maus cristãos.
As sementes das suas ações estão plantadas.
Adeus, Francisco!


* Em 2014 escrevi um texto sobre o estádio do San Lorenzo, cujo link segue aqui: https://halfen-mktsport.blogspot.com/2014/09/a-fe-remove-ate-carrefour.html

4 comentários:

  1. Belíssimo texto. Obrigado pela sensibilidade e carinho pelo Santo Padre, que transbordam das suas palavras

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  2. Muito obrigado pelas relevantes informações sobre o nosso querido Papa e seu clube preferido. Ótimo texto.

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