No último domingo ocorreu a final da Superliga Feminina de Volei da temporada 2009/2010, confesso que gostaria de tecer alguns comentários sobre a partida, afinal trata-se de um blog voltado ao esporte, porém em função da proposta do mesmo ser focar o lado de marketing, resistirei à tentação e aproveitarei a oportunidade para escrever um pouco sobre estratégias de marca.
Antes, porém, vale esclarecer que a decisão não foi entre Rio de Janeiro e Osasco, como alguns veículos tentaram fazer acreditar, e sim entre Unilever e Sollys Nestlé, mas isso será assunto para um dos próximos artigos.
O que Nestlé e Unilever têm em comum?
Esse tipo de estratégia traz como vantagens, um menor custo de desenvolvimento, pois não há necessidade de muitas pesquisas para escolha de nomes e registros, além de um menor investimento em comunicação, visto que a marca já traz um legado de posicionamento.
Os riscos dessa prática são oriundos dos problemas que uma categoria pode sofrer e eventualmente estender tal experiência para as demais.
Sob o ponto de vista esportivo, a Nestlé patrocina equipes de voleibol feminino desde 1993, tendo já utilizado anteriormente as marcas Leite Moça, Leites Nestlé e Sollys.
Já a Unilever estreou na Superliga Feminina de Voleibol em 1997, inicialmente com a marca Rexona e depois agregando a marca Ades ao nome da equipe.
Sob o foco mercadológico, tanto Nestlé quanto Unilever são consideradas megamarcas pelo critério Nielsen, que estabelece os seguintes requisitos para essa categorização: estar presente em pelo menos três categorias de produtos e ser comercializada ao menos em 15 dos 50 países contempladas nessa pesquisa.
Sob o foco mercadológico, tanto Nestlé quanto Unilever são consideradas megamarcas pelo critério Nielsen, que estabelece os seguintes requisitos para essa categorização: estar presente em pelo menos três categorias de produtos e ser comercializada ao menos em 15 dos 50 países contempladas nessa pesquisa.
Já sob a ótica de “responsabilidade social”, são empresas dignas de toda admiração por parte da comunidade esportiva e da população de forma geral, pois mesmo tendo seus nomes “cerceados” pela mídia, ainda acreditam e investem no esporte como ferramenta de inclusão social.
Estratégias de marcas diferentes
Estratégias de marcas diferentes
A Nestlé adota a prática conhecida como “marca guarda-chuva”, na qual aparece acompanhada dos nomes das marcas referentes às categorias de produtos. Por exemplo, os alimentos à base de soja têm a marca Sollys, porém aparecem complementados com a marca guarda-chuva Nestlé.
Os riscos dessa prática são oriundos dos problemas que uma categoria pode sofrer e eventualmente estender tal experiência para as demais.
Outro problema é a limitação quanto ao lançamento de produtos com qualidades e posicionamentos diferentes.
Já a Unilever utiliza a prática conhecida como “marca individual”, onde cada produto ou categoria é reconhecido apenas por sua marca.
Tanto Rexona, como Ades e demais marcas da empresa, aparecem sem que Unilever interfira nas embalagens.
Nesse caso o desempenho individual de um produto não contamina os demais, além de possibilitar lançamentos de produtos com posicionamentos diferentes entre si, o que favorece movimentos conhecidos como trading-down e trading-up entre marcas da própria empresa (deslocamentos do consumidor para marcas mais baratas e mais caras respectivamente).
Outra vantagem dessa prática refere-se à possibilidade da empresa obter maior espaço de exposição no ponto de venda, visto que detém mais marcas numa mesma categoria.
Por outro lado, existe o risco de uma canibalização entre produtos do mesmo fabricante.
Convém ressaltar que o fato de uma empresa utilizar a marca para eventuais extensões de linha não caracteriza uma estratégia de “marca guarda-chuva”.
A Unilever, por exemplo, utiliza a marca Dove tanto para sabonete como para desodorante, entretanto em nenhuma dessas categorias a marca da empresa aparece como complemento do nome.
Em relação às equipes de voleibol, as estratégias de marca também são bem definidas.
A Unilever vinha utilizando as marcas Rexona e Ades como nome de sua equipe, porém esse ano optou por assumir a identidade da empresa e passou a se chamar Unilever, visando o reforço de sua imagem institucional.
A Nestlé voltou ao voleibol após 9 temporadas de afastamento, dessa vez com a marca Sollys, curiosamente concorrente da Ades no segmento de bebidas à base de soja. Essa opção teve como justificativa a sinergia desse produto com o esporte através dos atributos vida saudável, bem-estar, força e energia.
A Nestlé voltou ao voleibol após 9 temporadas de afastamento, dessa vez com a marca Sollys, curiosamente concorrente da Ades no segmento de bebidas à base de soja. Essa opção teve como justificativa a sinergia desse produto com o esporte através dos atributos vida saudável, bem-estar, força e energia.
Não tenho uma opinião formada sobre qual estratégia de marca é a mais adequada, até porque essa escolha dependerá dos objetivos e características individuais de cada empresa.
Felizmente, Nestlé e Unilever regem suas decisões mercadológicas baseadas em detalhados estudos e pesquisas, sendo assim, só me resta parabenizá-las por suas contribuições ao esporte e por praticarem o marketing de forma séria, honesta e responsável, sem espaço para "achismos" e profissionais "curiosos" e despreparados.
Felizmente, Nestlé e Unilever regem suas decisões mercadológicas baseadas em detalhados estudos e pesquisas, sendo assim, só me resta parabenizá-las por suas contribuições ao esporte e por praticarem o marketing de forma séria, honesta e responsável, sem espaço para "achismos" e profissionais "curiosos" e despreparados.
Tanto em termos de posicionamento quanto na "insistência" em investir no esporte (sem a devida atenção da mídia), Unilever e Nestlé, assim como outras marcas, dão um show!
ResponderExcluirEngraçado que, nos últimos anos, havia uma presença menor de patrocínios de produtos de consumo cotidiano no futebol, e sempre houve nos esportes olímpicos. Há um motivo pra isso?
E a entrada da Hypermarcas na jogada?
Outra: Estive com o Sérgio Maurício, narrador da SporTV, e ele comentou que a semifinal entre Unilever e Blausiegel/ SCaetano foi a maior audiência da história da Superliga em tv fechada! E aposto que a final deve ter batido recordes tanto na aberta quanto na fechada.
Ventos olímpicos?
Fala Alexandre
ResponderExcluirVou tentar responder aos seus questionamentos.
Creio que o receio à rejeição seja uma das principais causas que levou as empresas do segmento de bens de consumo a não investirem no patrocínio de equipes de futebol.
Por serem produtos cuja decisão de compra é na maioria das vezes influenciada por impulso e/ou emoção, o temor pode até ser justificado.
Cheguei a comentar sobre isso no post Patrocínio vs. Rejeição http://halfen-mktsport.blogspot.com/2010/02/patrocinio-vs-rejeicao.html.
Tenho acompanhado as iniciativas da Hypermarcas.
Num primeiro momento me pareceu que eles tinham despertado para as vantagens do patrocínio apenas no que tange à exposição de marca, tanto que fez um contrato de curto prazo com o São Paulo. No entanto, pude apurar que o planejamento da empresa contempla também ações de "ativação", como por exemplo, limpar e modernizar os banheiros do Morumbi tendo como parceiro algum produto do segmento de limpeza.
Quanto aos "ventos olímpicos", pode ser, fico apenas na dúvida se trata-se de uma brisa visando Londres, ou uma ventania consistente e duradoura.
Um abraço
Idel, parabéns pelo blog. Eu nem posso tecer muitos comentários. Estou apenas lendo e aprendendo.
ResponderExcluirAbraços!
Idel, gostei do conteúdo e forma esclarecedora de apresentar o marketing esportivo. Parabéns. beijos e saudades de ti com aquele jeito sempre objetivo e focado de ser. Ana Bacellar.
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