Um dos principais erros cometidos no marketing é o de se tirar conclusões sem o devido embasamento.
Tal tipo de atitude ocorre em função do despreparo de alguns profissionais, que além de terem pouca afeição a números, preferem eleger a intuição ou o feeling como substituto para a falta de habilidade numérica, ou pior, têm preguiça de trabalhar com variadas métricas e informações.
Essa postura não se restringe ao marketing, nem tampouco às atividades ligadas à administração, o próprio segmento esportivo nos oferece inúmeros casos a esse respeito.
A Copa do Mundo de 2010, por exemplo, consegue ilustrar bem essa "forma" de análise , principalmente quando os comentaristas criam algumas teses para explicar o mau desempenho das seleções da Europa, o bom desempenho das seleções da América do Sul e o fracasso da Itália.
Ignoram que a base que tem servido para as “revolucionárias teses” é frágil, pois considera apenas a 1ª fase da competição, na qual os confrontos foram segmentados em grupos, o que compromete eventuais julgamentos generalizados acerca de desempenhos continentais.
Impossível também, é afirmar e estimar com a devida certeza os graus de dificuldade de cada grupo. Será que a Dinamarca, 3ª colocada num grupo sem países sul-americanos não superaria o Chile se estivesse naquele grupo? O mesmo raciocínio pode ser aplicado para Sérvia e Eslovênia, países europeus que não tiveram a companhia de equipes da América do Sul em seu grupo.
Pode até ser que o futebol europeu estivesse pior em relação ao do continente rival, mas tirar conclusões diante de tão poucos e inconsistentes fatos é no mínimo temerário.
Sobre o mau desempenho da Italia, foi alegado ou "achado" que muitos jogadores estrangeiros disputam seu campeonato nacional, o que prejudicaria o aparecimento de novos jogadores italianos, pode ser, mas vamos aos números:
Dos 736 jogadores presentes à Copa do Mundo de 2010, 78 jogam no futebol italiano, sem dúvida um elevado número. Mas por que a Inglaterra com 118 jogadores disputando seus campeonatos e a Alemanha com 86 passaram para a fase seguinte da Copa?
Não me parece razoável ir nessa linha, mesmo porque dificilmente uma só causa é responsável por algum resultado.
Com o intuito de contribuir para uma análise mais elaborada e menos intuitiva sobre os resultados do Mundial, seguem algumas informações extraídas de um levantamento executado pela Perform Gestão de Resultados:
• Sérvia e Eslováquia tinham seus 23 jogadores oriundos de 23 equipes diferentes, ou seja, um de cada time. Na seqüência vem Gana com 21 times e Nigéria, EUA, Camarões, Argélia e Austrália com 20. Já Espanha, Inglaterra e Alemanha eram supridas por oito times diferentes cada.
• Os jogadores das seleções da Eslováquia, Costa do Marfim e Chile jogavam em 13 países cada, enquanto Alemanha, Itália e Inglaterra convocaram apenas jogadores que atuavam em seus próprios países.
A seguir temos um quadro com a estimativa dos valores* de cada seleção, tomando como base os direitos econômicos dos 25 jogadores mais utilizados por cada país nas fases de classificação para a Copa do Mundo e nos jogos preparatórios.
* Dados Futebol Finance em milhões de euros
Obviamente, muito mais informações podem ser coletadas e tratadas.
A intenção desse artigo é aproveitar a Copa do Mundo para mostrar as diversas possibilidades de análises quantitativas que podem ser feitas sobre um determinado tema, poderíamos também acrescentar alguns aspectos qualitativos, no caso do futebol, espírito de equipe, disciplina tática e outros.
A intenção desse artigo é aproveitar a Copa do Mundo para mostrar as diversas possibilidades de análises quantitativas que podem ser feitas sobre um determinado tema, poderíamos também acrescentar alguns aspectos qualitativos, no caso do futebol, espírito de equipe, disciplina tática e outros.
Contudo, o importante é ter a ciência que para uma correta e honesta análise acerca de qualquer tema é necessário agregar responsabilidade, trabalho e capacidade.
Prezado Idel
ResponderExcluirMuito oportunos teus comentários sobre a importância da análise dos dados através de instrumentos consagrados pela ciência. Parabéns. Abraços,
Waldyr M. Ramos, Diretor da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ.
Fala mestre!
ResponderExcluirÉ um prazer receber um elogio do melhor técnico de natação que já conheci.
Obrigado!
Abraço