terça-feira, 11 de outubro de 2011

Quem deve ser patrocinado?




O noticiário esportivo australiano voltou recentemente suas luzes sobre o nadador Kenrick Monk, uma das esperanças de medalha do país para os jogos de Londres.
Infelizmente essa maior atenção não se deveu aos resultados obtidos, mas à fratura que o atleta sofreu e que pode comprometer sua ida aos jogos olímpicos. 
Contusões, apesar de indesejáveis, são comuns em esportes de alto rendimento, onde para se obter bons resultados se leva o corpo aos limites, porém o que chama a atenção nesse caso é a forma com que a fratura ocorreu. 
Inicialmente Monk alegou que tinha sido atropelado, porém posteriormente admitiu que o acidente foi devido a uma queda de skate. 
Casos como esses ocorrem frequentemente, e grande parte deles nem chegam a ser divulgados.
Dois pontos importantes devem ser refletidos em função do incidente. 
  • Até que ponto as atividades de lazer podem ser exercidas sem que haja interferência no desempenho da profissão?  
  • É justo exigir que o atleta não tenha momentos de diversão, pois tais momentos podem colocar em risco sua performance? 
Não entraremos aqui no detalhamento das atividades de lazer, pois evidentemente algumas não cabem discussão a respeito, em função da certeza quanto as suas consequências (inócuas ou maléficas).
Existem, entretanto, algumas que em função do potencial risco ou do exagero geram dúvidas e incendeiam os pontos colocados acima. 
Evidentemente alguns responderão que dependerá e que basta ter bom senso, porém esquecem que o tal “bom senso” é algo extremamente individual. 
Para certas pessoas, beber uma cerveja às vésperas de uma competição é algo inofensivo, para outros, o álcool deve ser afastado da vida de todas as pessoas, principalmente dos atletas. 
Algumas equipes, para evitar essa interpretação sobre o “bom senso” preferem criar “regras e regulamentos”, o que parece ser uma boa iniciativa. 
Porém, é preciso ter em mente que restrições muito severas podem abreviar a carreira de atletas, que vendo a vida “lá fora” se passar fora da redoma de disciplina imposta pelo esporte, acabam entrando num conflito que muitas vezes leva ao abandono da carreira, ou mesmo a uma carreira inconstante. 
Sob o prisma de marketing, a situação é ainda mais delicada, visto que os patrocinadores não possuem o embasamento suficiente para delimitar regras de conduta de seus patrocinados, fato que os levam a ter atitudes quase sempre de correção ou punição ao invés de prevenção. 
Diante desse quadro, vejo como fator de suma importância a realização de entrevistas, como ferramenta para avaliação do grau de comprometimento do candidato a  “patrocinado”, além de coletas de informações que permitam  traçar seu perfil e assim minimizar erros na tomada de  decisões. 
Afinal de contas, resultados esportivos passados não são garantias de sucesso no futuro, no máximo podem ser bons indicativos. 
Trazendo para o mundo corporativo, seria como contratar algum executivo baseado apenas nas realizações que constam em seu currículo. 
Analogamente, é possível estender esse conceito para o caso de patrocínios a equipes, nesse, as entrevistas devem envolver a diretoria da equipe, além de análises sobre as experiências profissionais destes. 
Evidentemente, mesmo com toda a aplicação de entrevistas e análises, não haverá nunca a certeza quanto a escolha correta, o que se preconiza aqui é que os erros sejam minimizados, além do que, creio que seleções mais rígidas possam criar no patrocinado um grau de responsabilidade maior que o leve a ser mais cuidadoso em sua conduta.


4 comentários:

  1. Idel,

    Ao meu ver, ninguém pode privar uma pessoa de fazer o que gosta. Atletas de alto nível praticam outras atividades em seus momentos de lazer e os patrocinadores não podem querer mudar isso. Lembro de algumas histórias clássicas, como Romário e Futevôlei e Fred e surfe. O Guga por exemplo sempre foi surfista, mas sempre passou uma imagem responsável, um fora de série dentro e fora das quadras e por isso nunca enfrentou problemas. O interessado em patrocinar um atleta deve pensar bem antes de investir e como dito no texto, minimizar seus riscos. Quem hoje gastaria alto com o Kléber Gladiador, por exemplo? Pesquisa e conscientização realmente são as armas do patrocinador.

    Um abraço
    Pablo

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  2. Pablo
    Concordo com você, ninguém pode privar a pessoa de fazer o que gosta, o problema é quando essa atividade coloca em risco a integridade ou venha a causar desgastes que prejudiquem a performance do atleta.
    São decisões difíceis.
    Um abraço

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  3. Eu preferia estar na praia do que de terno no centro da cidade em pleno verão. Preferia estar tomando uma gelada com meus amigos em vez de gastar horas lendo e estudando. Assim como eu preciso dormir cedo e estudar pra manter minha mente afiada pra trabalhar, o atleta tem a mesma obrigação em relação ao seu corpo. Cada profissão tem seus aspectos positivos e negativos. Acho a reclamação dos atletas um tanto quanto coisa de menino mimado.

    Porém, mesmo achando as reclamações injustas, o mercado é que determina o que eles podem ou não fazer. Se o Fred surfar e meter 3 no domingo, a torcida vai fazer musica e quem sabe até arruma patrocínio de uma Osklen da vida. Cabe a cada atleta o quanto vai se comprometer e pagar as consequencias de sua escolha.

    Do ponto de vista da patrocinadora ai sim cabe fazer não só entrevistas, mas traçar um perfil psicológico, até mesmo utilizando o fato de em geral o atleta com patrocínio ter visibilidade de mídia e tornando mais simétrica a informação entre as partes do contrato.

    Quem sabe até poderiam contratar uma terceira empresa que ajudasse o atleta a lidar melhor com sua imagem, seu dinheiro, seu lado pessoal e profissional. Claro, se for de interesse do atleta, caso contrario, o mercado o fará pagar pelos seus atos. Né Adriano....

    Abraços, João Duarte

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  4. Bem colocado, João

    Quanto à contratação de uma terceira empresa, vejo algumas dificuldades, principalmente no futebol, onde os jogadores costumas contratar seus assessores, sendo que muitos sem o devido preparo.

    Um abraço

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