terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Um convidado bem trapalhão

Para os que tinham alguma dúvida sobre a capacidade do Brasil realizar bons eventos esportivos, o torneio Rio Open de Tênis deve ter servido para deixá-los mais confiantes.
Claro que falhas aconteceram, assim como ocorrem em Wimbledon, Roland Garros e Flushing Meadows, mas nada que possa deixar o brasileiro menos orgulhoso, aliás, muito pelo contrário, o torneio foi sensacional.
Entretanto, houve uma situação que considero gravíssima sobre a qual não vi nenhum órgão de imprensa tecer qualquer comentário.
Essa ocorreu na premiação da final feminina, quando foram chamados à quadra, os representantes de alguns patrocinadores e apoiadores do torneio para entregarem às tenistas, ambas patrocinadas pela Nike, os respectivos troféus, cheques e presentes. 
Todos os representantes estavam adequadamente vestidos para a ocasião, menos um, que trajava a camisa de um time de futebol, essa com as marcas do ex-patrocinador do clube, a Guaraviton, e a do fornecedor de material esportivo, a Puma, sendo que nenhuma dessas marcas patrocinava o torneio, que tem a Asics como detentora dos direitos nessa categoria de produtos.
Obviamente não se tratava de uma ação de marketing de emboscada, pois o tal personagem trabalha em um dos apoiadores do evento e, portanto, deveria estar usando, se fosse o caso, a marca de seu empregador.
A gafe foi provavelmente causada pela ignorância do cidadão a respeito da ética e do comportamento adequado quando se convive com outras marcas.
Porém, cabia à empresa responsável pela organização do evento evitar tal constrangimento, até porque a mesma sempre se mostra extremamente cuidadosa com as marcas parceiras, vide, por exemplo, as fotos do torneio no site oficial -http://www.rioopen.com/ - , as quais procuram privilegiar a exposição dos parceiros.
Evidentemente, não há termo de comparação entre os benefícios auferidos pelos patrocinadores oficiais e a pequena exposição conseguida pelas marcas presentes na camisa do senhor que representava uma das empresas apoiadoras.
No entanto, é inaceitável que tal deslize tenha ocorrido, pois, infelizmente, o esporte ainda não é visto por muitas empresas como uma eficaz ferramenta de marketing, situação que tende a piorar quando os patrocinados, sejam atletas ou organizadores de eventos, não dediquem o devido esforço para que erros, facilmente evitáveis como o narrado acima, não venham a ocorrer.
Já a empresa, que enviou como representante um sujeito pouco afeito às etiquetas daquele meio, deveria ser mais criteriosa na escolha de quem exercerá tal tipo de função, ou, caso não haja ninguém com tal característica, que contrate consultores que possam treinar e incutir boas maneiras ao seu quadro de colaboradores.
Ainda no campo das boas maneiras, vale citar, parafraseando Caetano Veloso, a “elegância sutil” do representante do Itaú, também patrocinador do torneio, que sem usar nenhuma marca da empresa – penso que não haveria nada demais se o fizesse - conseguiu reforçar subliminarmente a lembrança do banco na cerimônia de premiação, ao trajar uma camisa polo laranja, numa totalidade bem próxima à da logo da empresa e uma calça jeans azul, a outra cor que compõe a marca.
São esses pequenos detalhes de respeito aos patrocinadores que podem fazer com que as empresas acreditem no esporte e sejam parceiras dele para um crescimento sustentável.
Caso contrário, veremos cada vez mais atletas e organizadores de eventos se queixando da falta de apoio, esses, porém, provavelmente "esquecidos" de que muitas das empresas declinam de investir no esporte, justamente por não ver o devido respeito e zelo por suas marcas.




4 comentários:

  1. Por qual razão a marca de cerveja Corona estava presente nas redes da quadra central, quando a cerveja vendida era a Stella Artois?

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    1. A Corona é a patrocinadora da ATP, o que lhe dá o direito de exposição, mesmo que não seja comercializada no evento e/ou no país do evento.
      Além do que, ambas as marcas pertencem à Inbev.

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  2. E de qual parceiro era o fulano que teve a brilhante ideia de usar a camisa do seu time de futebol?

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  3. Prezado
    Peço desculpas por deixar-lhe sem resposta, mas prefiro não expor o "parceiro", até como forma de preservar as empresas que investem no esporte.

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