Em junho desse ano, publiquei
nesse blog um artigo “E a corrupção não para...” -http://halfen-mktsport.blogspot.com.br/2015/06/e-corrupcao-nao-para.html - no qual questionava a
necessidade de comissionamento no contrato entre Nike e CBF.
Pois bem, nessa semana que passou
foi divulgada pela imprensa uma gravação, na qual o ex-presidente do São Paulo
F.C. dava a entender que também teria havido um pagamento a título de comissão quando
entrou o novo fornecedor de material esportivo do clube, a Under Armour, razão
que me leva a escrever novamente sobre o tema.
Reitero que na minha opinião não
faz o menor sentido se pagar um comissionamento a quem esteja envolvido nesse
tipo de patrocínio, a não ser que o time seja tão insignificante e, dessa
forma, nenhuma marca esportiva queira se associar a ele, o que, evidentemente,
não é o caso de uma seleção brasileira, do São Paulo e de clubes de grande
porte.
Para não ser tão radical na
análise, acho que numa situação onde haja grande dificuldade para se arrumar um
fornecedor – o que não costuma acontecer com grandes clubes e confederações -,
o comissionamento, a título de prêmio, até pode existir. Deixando bem claro que
jamais deve ser pago a funcionários, dirigentes ou empresas que prestem
serviços ao clube.
O caso do São Paulo, se verídico,
é ainda mais grave, visto que o clube tinha um contrato em vigor com a Penalty
até final de 2015, ou seja, tiveram que rescindir o compromisso para mudarem de
fornecedor. Fato que poderia dar margem às mais variadas interpretações,
inclusive a de que o fator “comissionamento” pesou na decisão.
Situação complicada, até porque a
possível justificativa de que se escolheu a “proposta mais vantajosa” é discutível,
por ser esse um processo que envolve fatores bem subjetivos, sem falar que a
própria característica pessoal do gestor responsável influencia a decisão. É
algo mais ou menos como escolher onde investir suas economias, uns priorizam a
segurança, outros a rentabilidade, enquanto outros optam por ativos que tenham
maior liquidez.
Não há unanimidade quanto ao que
seria melhor.
No caso do fornecedor, há que se
considerar os valores envolvidos, a estrutura do fornecedor (comercial, industrial,
financeira, marketing, logística, etc.) e a importância da marca para o co-branding,
sendo que cada um desses fatores requer análises bem minuciosas e,
principalmente, de quem deles entenda.
Aqui, como no caso da escolha dos
investimentos, a unanimidade também é impossível, o que corrobora para a minha opinião
de que a comissão não deve existir, principalmente quando se há um contrato em
vigor.
Torço muito para que não seja verdade
o que dizem ter ocorrido no São Paulo. Seria mais uma decepção envolvendo “comissões”
num momento em que o país passa por forte crise de credibilidade.
De qualquer forma, considero salutar
o debate sobre o tema do comissionamento como forma de despertar a atenção dos
gestores de clubes e confederações para a importância da governança e da transparência
nas organizações.
Feliz Natal para todos!
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