terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Comissão sem inquérito

Em junho desse ano, publiquei nesse blog um artigo “E a corrupção não para...” -http://halfen-mktsport.blogspot.com.br/2015/06/e-corrupcao-nao-para.html  no qual questionava a necessidade de comissionamento no contrato entre Nike e CBF.
Pois bem, nessa semana que passou foi divulgada pela imprensa uma gravação, na qual o ex-presidente do São Paulo F.C. dava a entender que também teria havido um pagamento a título de comissão quando entrou o novo fornecedor de material esportivo do clube, a Under Armour, razão que me leva a escrever novamente sobre o tema.
Reitero que na minha opinião não faz o menor sentido se pagar um comissionamento a quem esteja envolvido nesse tipo de patrocínio, a não ser que o time seja tão insignificante e, dessa forma, nenhuma marca esportiva queira se associar a ele, o que, evidentemente, não é o caso de uma seleção brasileira, do São Paulo e de clubes de grande porte.
Para não ser tão radical na análise, acho que numa situação onde haja grande dificuldade para se arrumar um fornecedor – o que não costuma acontecer com grandes clubes e confederações -, o comissionamento, a título de prêmio, até pode existir. Deixando bem claro que jamais deve ser pago a funcionários, dirigentes ou empresas que prestem serviços ao clube.
O caso do São Paulo, se verídico, é ainda mais grave, visto que o clube tinha um contrato em vigor com a Penalty até final de 2015, ou seja, tiveram que rescindir o compromisso para mudarem de fornecedor. Fato que poderia dar margem às mais variadas interpretações, inclusive a de que o fator “comissionamento” pesou na decisão.
Situação complicada, até porque a possível justificativa de que se escolheu a “proposta mais vantajosa” é discutível, por ser esse um processo que envolve fatores bem subjetivos, sem falar que a própria característica pessoal do gestor responsável influencia a decisão. É algo mais ou menos como escolher onde investir suas economias, uns priorizam a segurança, outros a rentabilidade, enquanto outros optam por ativos que tenham maior liquidez.
Não há unanimidade quanto ao que seria melhor.
No caso do fornecedor, há que se considerar os valores envolvidos, a estrutura do fornecedor (comercial, industrial, financeira, marketing, logística, etc.) e a importância da marca para o co-branding, sendo que cada um desses fatores requer análises bem minuciosas e, principalmente, de quem deles entenda.
Aqui, como no caso da escolha dos investimentos, a unanimidade também é impossível, o que corrobora para a minha opinião de que a comissão não deve existir, principalmente quando se há um contrato em vigor.

Torço muito para que não seja verdade o que dizem ter ocorrido no São Paulo. Seria mais uma decepção envolvendo “comissões” num momento em que o país passa por forte crise de credibilidade.
De qualquer forma, considero salutar o debate sobre o tema do comissionamento como forma de despertar a atenção dos gestores de clubes e confederações para a importância da governança e da transparência nas organizações.

Feliz Natal para todos!


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