terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Só "pensar fora da caixa" é pouco...


Foi anunciado na semana passada que o Corinthians teria como um de seus patrocinadores em 2016, a Klar, empresa de bens de consumo.
Alguns veículos chegaram a divulgar que a localização do patrocínio obedeceria a um rodízio entre as propriedades disponíveis e que o clube ganharia também uma participação em função do volume de vendas dos produtos da nova parceira.
Creio que a iniciativa do rodízio seja algo bem interessante, tanto que já ocorre em outras propriedades como placas de campo e backdrops eletrônicos. O que precisa ser visto é como se dará a operacionalização, visto que o fornecedor de material esportivo precisa de tempo hábil para a impressão das marcas, além de haver uma maior complexidade na gestão de estoque das peças de jogo.
Outro ponto a ser analisado é o referente ao material que será colocado à venda, pois as combinações possíveis para ocupação dos espaços (mangas, peito, costas, etc.) com as marcas patrocinadoras irão proporcionar uma maior quantidade de modelos, o que, consequentemente, incidirá na necessidade de um estoque maior nos pontos de vendas e centros de distribuição.
Isso, é claro, se as marcas tiverem o direito de aparecerem nas camisas promo, aquelas que são comercializadas ao público.

Já a remuneração variável em função do volume de vendas não me parece nada razoável, visto que inúmeros outros fatores influenciam a demanda, entre eles estão a eficácia da força de vendas, as condições comerciais, a disponibilidade e qualidade dos produtos, além da estratégia de comunicação, isso sem contar a atuação da concorrência.
Creditar o desempenho comercial a um mero patrocínio é pueril, pois esse contribui com um percentual de participação muito pequeno no mix de variáveis que influenciam a decisão de consumo.
Para o patrocinado, tal medida só seria vantajosa se essa receita variável correspondesse a uma parcela pouco significativa do valor total do patrocínio.
“Sair do lugar comum”, “pensar fora da caixa” e expressões do gênero são cada vez mais necessárias ao marketing e ao esporte, entretanto é importante que essas iniciativas pouco ortodoxas sejam analisadas de forma em que toda a cadeia envolvida no processo seja minuciosamente contemplada.
Um dos grandes problemas que tem ocorrido nessas “novas ideias” é que os gestores envolvidos nas negociações não dedicam a devida atenção – muitas vezes por falta de conhecimento – aos aspectos relacionados ao varejo e à operação, o que deixa a operação “desamarrada” e com falhas gritantes de avaliação.

Vale por fim acrescentar que a Klar, além do futebol, patrocina a equipe de voleibol do Pinheiros, fato que merece os mais fervorosos elogios, até porque, um dos seus principais concorrentes, a Unilever, já está nessa modalidade há anos, acreditando no esporte olímpico como instrumento de inclusão social e ferramenta de marketing.


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