terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Com o verde da solidariedade

As matérias, as imagens e as entrevistas que trazem como tema a Chapecoense parecem não se esgotar. Cada uma mais emocionante do que a outra, gatilhos involuntários de uma tristeza aguda que teima em não cessar.
Foi difícil resistir à tentação de escrever sobre as emoções que envolvem amizade, família e toda a atmosfera que circunda os valores importantes da vida, os quais no esporte aparentam ser amplificados, ainda mais num momento de muita dor. Contudo, sendo o objeto do blog "discutir os aspectos relacionados à gestão", disciplinadamente seguirei a linha editorial traçada. Além do que, erra quem teima em achar que o fator “emoção” pode ser extirpado da gestão. Não pode, visto fazer parte da vida, cabendo aos gestores analisar e entender o comportamento do consumidor, sobre o qual não se é possível controlar.
Nesse contexto, talvez fosse interessante desenvolver o artigo focando as manifestações de pesar e homenagens à Chapecoense realizadas por equipes de vários países e de diversas modalidades esportivas, pois, além da fartura das ações, a criatividade tem se mostrado inesgotável. Porém, o reduzido espaço do artigo deixaria de fora algumas, o que seria injusto, fato que me levou a declinar da ideia.
Vale, no entanto, citar aqui as iniciativas do Atlético Nacional de Medellín que abriu mão da disputa do título em prol do time catarinense e realizou um evento em seu estádio que só de lembrar aciona o tal gatilho mencionado no 1º parágrafo. 
Dessa forma, achei mais interessante chamar a atenção sobre alguns acontecimentos que, certamente, bem analisados muito têm a agregar nos processos de gestão.
Reparem que a ocorrência de acidentes - não apenas aéreos - é algo que, infelizmente, acontece com relativa frequência e algumas vezes com número de vítimas superior, entretanto, não há como negar que a comoção causada com o acidente da Chapecoense foi uma das maiores, se não a maior que já presenciamos. Claro que as redes sociais e a globalização fazem com que os acontecimentos sejam mais reverberados, todavia, creio que o fato do acidente estar relacionado ao esporte tenha sido a principal causa de tamanho choque. O que corrobora para o reconhecimento dessa atividade como um dos principais agentes influenciadores de corações e mentes.
Devemos atentar também para a união dos clubes, que deixaram a rivalidade de lado para prestar solidariedade ao time de Chapecó e aos jornalistas que estavam no avião. Entenderam que a competição se dá dentro dos campos, e que fora deles, todos têm muito mais a ganhar pensando no bem comum, aliás, um bom exemplo disso se dá nas ligas profissionais dos EUA.
Por último, uso as iniciativas das pessoas, clubes, federações, ligas e países para mostrar a importância de ser bem visto no mercado. Como já escrevi em outros artigos, o consumidor não faz mais suas escolhas apenas em função dos atributos tradicionais como preço, qualidade, etc., decidindo também em função das condutas que as marcas/empresas empenham em relação à sustentabilidade e ações sociais. Nesse episódio, pudemos ver clubes que despertam considerável rejeição, terem esse sentimento atenuado em função da solidariedade demonstrada.
Quanto ao título do artigo - o da Copa Sul-Americana é da Chape - devo esclarecer que não houve nenhum engano, sei muito bem que o verde é a cor da esperança, mas nesse caso, a simbiose da cor da Chapecoense com o fator solidariedade faz com que a esperança, tão importante em nossas vidas, abra mão do monopólio do verde.

“Nunca tive 2º time, sou apenas Fluminense, mas a partir da semana que passou, tanto a Chape, como o Atlético Nacional de Medellín têm um lugar especial no meu coração”.

#FORÇA CHAPE 
#OBRIGADO COLÔMBIA


4 comentários:

  1. Mais um belíssimo artigo meu amigo .

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  2. Voce poderia ter mencionado o Mario Sergio, que alias tem uma personalidade um pouco parecida com a sua..era um cara muito querido pelos amigos, e sincero. Claro que tem aquelas polemicas com doping, que não sei se é verdade, que caso sejam verdadeiras são condenáveis, mas faz parte do folclore. Grande jogador!!

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  3. Obrigado pelo comentário, Alcyr
    Tive o prazer de ver o Mario Sérgio jogar, um craque. Nos dias atuais, se o temperamento não atrapalhasse, estaria integrando algum dos grandes times europeus.
    Fico feliz com a comparação em relação à personalidade.
    Mais uma vez, obrigado!
    Abraço

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