terça-feira, 17 de janeiro de 2017

A fórmula ideal

Certa vez um headhunter me relatou que tinha preferência em entrevistar candidatos em almoços, pois, segundo ele, nessa ocasião é possível identificar características que numa entrevista formal são passíveis de serem “escamoteadas”. Citou como exemplo, as pessoas que antes mesmo de provarem a comida já a temperam sem terem avaliado como ela estava. Sob sua ótica, isso é um forte indício de que a pessoa toma decisões sem analisar as conjunturas de mercado.
Não sei até que ponto essa correlação é absolutamente verdadeira, mas impressiona constatar a elevada quantidade de pessoas que, mesmo sem estarem numa refeição, são definitivas em suas conclusões sem terem estudado e refletido detalhadamente sobre o assunto.
Embora esse texto inicial possa ser perfeitamente aplicado aos “especialistas” em marketing e gestão - que sempre têm a fórmula definitiva para tudo - o aplicaremos aqui para os que foram categóricos em suas conclusões sobre o aumento no número de participantes na Copa do Mundo de 2026. 
Em minha opinião, qualquer exercício que envolva previsões deve vir embasado por estudos detalhados e, mesmo assim, com o devido cuidado para não parecer definitivo na afirmação, afinal de contas o dinamismo da sociedade não permite que se estimem resultados futuros com precisões taxativas. Além do que, antes de se opinar sobre iniciativas é mandatório conhecer bem os objetivos que as originaram.
Na tentativa de ser coerente com o texto, ao invés de julgar o aumento no número de seleções de 32 para 48 na Copa de 2026, levantarei alguns pontos para reflexão, os quais podem ajudar a formar uma opinião sobre o tema:

  • O formato atual da Copa do Mundo tem efetivamente a capacidade de apontar a melhor seleção do mundo? 
Existirão sempre os mais diversos argumentos para responder a essa questão, visto ser difícil apontar algum critério perfeito, tampouco unânime, vide as intermináveis discussões sobre pontos corridos vs. confronto direto. Evoluindo nesse raciocínio, podemos estender a pergunta em relação ao formato com 48 seleções. Assim, temos que o aspecto relacionado à legitimidade do vencedor pouco mudará com o novo formato, aliás, talvez haja até mais legitimidade num cenário com mais seleções de bom nível.

  • A popularização do esporte através da globalização é uma iniciativa boa?
Penso que sim, afinal o esporte, além de gerar receitas e movimentar a economia pode ser um forte agente de formação.
  • Aumentar as chances de participar de uma Copa do Mundo pode influenciar o crescimento do futebol nos países sem tradição nessa modalidade?
Acredito que sim, visto que a perspectiva realista de se galgar maiores desafios costuma ser fonte de motivação para a elaboração e execução de projetos e processos com esse fim.
  • Um número elevado de equipes não pode fazer com que os torneios classificatórios percam atratividade?
Essa hipótese parece bem provável num primeiro momento e, diante da importância dessas competições, seria fundamental desenvolver fórmulas que mantivessem sua atratividade, sem prejuízo do calendário e dos campeonatos nacionais.
Independentemente dos pontos levantados, há uma questão que, se respondida, auxiliaria bastante nossa conclusão: a Copa do Mundo deve ser vista prioritariamente como uma competição ou como um negócio? 
Como as respostas são sempre divididas ou apontam para uma composição, tendo a achar que a fórmula ideal deve ser uma meta a ser perseguida, porém tendo em mente que a quantidade de variáveis envolvidas nessa matriz – inclusive o número de participantes - jamais permitirá que se tenha a certeza quanto ao que seria o mais perfeito.



2 comentários:

  1. Boa Idel, já mudei um pouco de posição.
    Era contra agora tenho dúvidas.

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  2. Amigo Lula
    Não foi essa a ideia. rsrs
    É difícil ser categórico na avaliação, o que acho legal na proposta é a possibilidade de aparecer com o tempo mais seleções com chances de vitória e assim aumentar a competitividade/atratividade da competição.
    Obrigado pelo comentário!
    Abs

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